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6 de jan. de 2009

Achaque empresarial e político - Fonte: DC

Depois da tempestade da eleição a bonança dos eleitos e as catástrofes na realidade da população. Liberados do compromisso com o voto e o interesse geral, os políticos colocam-se, pela observação em sua maioria, suscetíveis ao interesse fragmentário cuja escala de valor advém do poder econômico. Um exemplo acabado do que estou afirmando é a aprovação do projeto de lei de autoria do vereador Edivá Alves (PSDB), que libera a abertura do comércio nos feriados em Cuiabá. Feriado é um item importante na construção da representação nacional.

A tautológica dinâmica de sua reposição vai incutindo na sociedade a costura institucional dos valores a serem preservados. A utilidade aí é simbólica. Na sociedade heterogênea, essa operação vai acolher os signos de cada um dos segmentos, setores, classes, etc. É o jogo pretensamente democrático. Cada vez mais, com o sistema capitalista e a mercantilização, o interesse econômico vai sobrepujando o resto. A globalização e a pós-modernidade atuam induzindo a padronização mais conveniente ao acúmulo do capital, fazendo sucumbir, nesse movimento, memórias, heranças, toda a sorte de tradições. É fato que tal hipertrofia econômica vai produzindo piora de qualidade da vida das sociedades, principalmente periféricas como o Brasil, e o incremento do consumo contido na dinâmica coloca em risco o próprio domicílio planetário. Neste ponto, a reflexão de toda ordem pode ajudar a arrumar a casa. A capitulação ao econômico, ao contrário, é nociva ao interesse mais geral. O discurso demagogo da produção de empregos induz à errônea, porque tecnicamente descartável, percepção altruística do capitalista, mas aprofundando a análise o que resta é a superlativa aferição do lucro, contaminando o social.

Os momentos de reflexão têm nos feriados insubstituível ocasião para aferir a eficácia das proposições: um exemplo, um fato, um feito, um gesto, todo o amálgama de realizações que merecem a atenção tanto edificadora quanto condenatória. Tudo precedido pelas narrativas diversas que os interesses articulam mais ou menos, a depender das condições dadas.

O feriado do Dia da Consciência Negra, 20 de novembro, dia da morte de Zumbi dos Palmares é emblemático. Resulta da luta emancipatória dos negros que busca sua inclusão no panteão que consubstancia a qualidade nacional. Tal providência corresponde à aglutinação de ganhos correspondentes no contexto econômico, político e social. Nesse caso, uma verdadeira revolução em face da marginalização sofrida pelo segmento no âmbito real e simbólico. Mas, no jogo de interesses, isso, esquematicamente, contraria quem sempre se beneficiou com a exclusão negra. Mas isso não é tudo, a exclusão foi engendrada no âmbito mental da democracia racial, que patrocinou todo o quadro excludente registrado pela totalidade das pesquisas.

Chamada branquitude, pela Psicologia Social, tal situação só foi possível pela instituição do Sistema Mundial que, desde o século XV racializou a expansão européia, hierarquizando as populações. A racialização, assentada em bases fenotípicas, determinou a dita Geografia Social da Raça e escalonou as pertinências, o resto sendo conseqüência. Daí, a representação acolheu a paisagem, cenário, manto, agora questionado. Na queda de braço da representação a CDL ganhou uma rodada significativa no oportuno espaço aberto entre a irresponsabilidade política e o descompromisso.

Cabe aos prejudicados a reversão do achaque. Tal feito está imbricado com a maior ou menor dificuldade de interlocução social. No caso do segmento negro, é mais uma batalha árdua, como todas. Mas um tecido que cubra a sensibilidade de todos acaba economicamente mais compatível e eficaz, soterrando de vez a pertinência fragmentária e a visão curta do cometimento edílico.

* TADEU SILVA é analista político

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