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27 de mar. de 2008

"Nesse luto, começa nossa luta!"

"Pode-se dizer que tudo começou ali - se é que se pode determinar o começo ou o fim de algum processo histórico. De qualquer maneira, foi o primeiro incidente que sensibilizou a opinião pública para a luta estudantil. Como cinicamente lembrava a direita, era o cadáver que faltava".(trecho do livro 1968 - O ano que não terminou, de Zuenir Ventura)
Há 40 anos, no dia 28 de março de 1968, durante confronto entre estudantes e a polícia no restaurante Calabouço, centro do Rio de Janeiro, com um tiro no coração, morria o primeiro estudante assassinado pela ditadura, o estudante Édson Luís de Lima Souto, baleado no peito pelo comandante da tropa da PM, o aspirante da polícia Aloísio Raposo.
Logo após o assassinato, o corpo de Édson Luís, foi levado até a Assembléia Legislativa, onde o velaram, e de onde cerca de 50.000 pessoas o acompanharam em passeata, até o Cemitério São João Batista, onde foi sepultado.
A frase de uma mãe que presenciou o enterro do estudante entrou para a história: "podia ser meu filho". O assassinato do jovem causou indignação geral, os presentes no sepultamento ouviram o juramento dos estudantes: "Neste luto, a luta começou".
No período que se estendeu do velório até a missa da Candelária, realizada em 2 de abril, foram mobilizados protestos em todo o país, principalmente no Rio de Janeiro, Goiânia e Brasília.
Sua morte marcou o início de um ano turbulento de intensas mobilizações contra o regime militar que endureceu até decretar o chamado AI-5.
No dia 26 de junho de 1968, uma manifestação de protesto pelo assassinato de Édson Luís, reuniu milhares de pessoas no centro do Rio de Janeiro, na região conhecida como Cinelândia.
A manifestação que veio a ser conhecida como Passeata dos Cem Mil, representou um dos mais significativos protestos no período ditatorial do Brasil, designado por Anos de chumbo.
Durante a manifestação, os estudantes não cansavam de repetir:"MATARAM UM ESTUDANTE. PODIA SER SEU FILHO".
Relembrar essa fatídica história, mais do que contar a luta dos estudantes, e honrar a memória daquele que veio a se tornar um mártir do movimento estudantil brasileiro, tem a intenção de mostrar, o quanto custou o direito a liberdade de expressão e a democracia em nosso país, que hoje é tão mal exercido.
Mal exercido, pelo simples fato de não darmos o devido valor ao nosso voto, direito conquistado com a vida de muitos Édson’s, e que hoje infelizmente se tornou objeto de barganha para aquisição de algum proveito pessoal, ou seja compra e venda de voto.
Ainda não compreendemos que o Voto, nada mais é do que uma Procuração, porém uma procuração dada em branco, para alguém nos representar por 4 ou 8 anos, como bem quiser. Você teria coragem de dar uma procuração a um desconhecido ou mesmo não acompanhar o que ele faz em seu nome?
Seja responsável por seus atos, deixe de colocar a culpa de todos os males sociais nos políticos, e assuma sua responsabilidade de cidadão, exerça seu direito com a consciência de que vidas foram dadas por esse direito. Lembre-se que seu voto não tem preço, mas terá conseqüências.
Finalizo este texto, afirmando que juntos podemos fazer a diferença, basta querer e fazer a nossa parte, pois como disse James Baldwin a Martin Luther King:
“Nem tudo que se enfrenta pode ser modificado,
Mas nada pode ser modificado sem ser enfrentado”.

* João Ricardo Nogueira, foi Presidente da ACES – Associação Cuiabana dos Estudantes Secundaristas, e Presidente da AME – Associação Matogrossense dos Estudantes, tendo como principais conquistas durante seu mandato a frente do Movimento Estudantil, a reconquista da Meia-Entrada, e a conquista o Passe Livre em Cuiabá. (www.jrnogueira.blogspot.com)

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