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28 de mar. de 2008

Chega de tanto privilégio!

Por Alecy Alves

Em nome de um conceito próprio de que o que produzem alimenta o país, gera riquezas, movimenta a economia nacional, que a vida na cidade depende do campo e de tantos outros argumentos e falácias, todos os anos assistimos à busca incessante de produtores rurais por tratamento privilegiado sobre o pagamento de financiamentos bancários. Preferencialmente, querem o perdão das dívidas e, se não conseguem tudo, lutam pelo menos pela máxima redução e rolagem por longos anos, 20, 30 ou mais. E se não alcançam o que almejavam se sentem não apenas frustrados, mas decepcionados. Comportamento similar têm os madeireiros, mesmo aqueles, óbvio que não são todos, que trabalham irregularmente, ou seja, que compram madeira de origem duvidosa ou reconhecidamente extraída ilegalmente das florestas mato-grossenses. Rechaçar estatísticas que contrariam seus interesses, ou melhor, que podem resultar em prejuízos, tornou-se algo comum em todos os setores públicos e produtivos do estado. Na verdade, essa prática virou moda. Temos visto situação igual tanto na Segurança Pública, quanto no Meio Ambiente e na Saúde. Somente nós, trabalhadores, sobre os quais recaem os mais pesados tributos, já que pagamos impostos pelos serviços públicos de que dispomos e dos que ainda nem tivemos acesso, e em tudo aquilo que adquirimos, continuamos apanhando calados. Pior ainda, essas obrigações tributárias são tão espalhadas e ao mesmo tempo escondidas, que nem temos como fazer as contas para a articulação de protestos. Senhores, está certo que vocês tem poderes, financeiro e político, para bradarem em alto e bom som e até ameaçar parar o campo ou então de financiar representantes nos poderes públicos. A questão é que a sociedade não suporta mais pagar pelas dívidas que não contraiu.
Quando um não honra o compromisso que fez, todos pagamos juntos. A conta é rateada independente de classe social, raça ou credo. Basta o que já somos obrigados a pagar para o FMI. Digo somos, porque independente da quitação da dívida geral, a população mais pobre continua sendo privada de melhorias por conta do endividamento com o Fundo Monetário Internacional. Cobrar dívidas não pagas e fiscalizar atividades supostamente ilegais responsabilizando civil e criminalmente, se for o caso, aqueles que se sobrepõem à legislação, é obrigação dos poderes constituídos. Assim como a liberdade de espernear, o que nem sempre significa que seremos atendidos em nossas vontades.

ALECY ALVES é jornalista em Cuiabá

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