Autor: Enock Cavalcanti
*** Meus amigos, meus inimigos: é um fato inconteste que o jornalismo de Mato Grosso está em alta. Por aqui se formaram grandes empresas, a variedade de meios de informação é tremenda, temos uma grande diversidade e também uma qualidade técnica que fica a dever a muitos poucos pelo Brasil afora. Nossa televisão, nossos jornais, nossos ‘saites’, se inscrevem, tranquilamente, tendo em vista o mercado de sustentação de que dispomos, entre os de melhor padrão em nosso País.
*** Há, no entanto, uma dívida que precisa ser enfrentada neste mercado tão dinâmico. É evidente que estou falando dos rendimentos da grande maioria de nossos jornalistas. Ao mesmo tempo que contamos com empresas majestosas, encontramos em Mato Grosso um buraco estatístico quando se procura documentar o ganho salarial dos profissionais do setor. O que consta, por exemplo, nos anais da Federação Nacional dos Jornalistas, é que em Mato Grosso não existe um piso salarial definido. A empresa pode começar pagando o que bem entender, porque há anos a tabela do piso não vem sendo fixada – e os patrões não estão nem aí para esta exigência básica da relação de trabalho. É como se eles só se preocupassem em faturar, sem se preocupar com a contrapartida para com aqueles que ajudam a levar o barco adiante.
*** Sob o comando das jornalistas Keka Werneck, Alcione dos Anjos e Márcia Raquel, o Sindicato dos Jornalistas está mobilizando a categoria para enfrentar e modificar esta realidade. Está em curso a Campanha Salarial 2008, com uma pauta de reivindicações já definida e diversas rodadas de negociações a serem encetadas, seja na Capital seja no interior. Se as empresas faturam e se estruturam de forma cada vez mais destacada, parece lógico que uma parcela de seus ganhos seja empregada para recompensar, devidamente, os jornalistas e as jornalistas responsáveis pela continuada profissionalização da mídia de Mato Grosso. Sim, a grande verdade é que os pólos de informação teem se multiplicado pelo interior e, lentamente, uma rede de informação vai se estabelecendo para rivalizar com o noticiário gerado a partir da capital.
*** É tocante ver o Sindicato, recentemente tirado da inércia e coordenado por uma maioria muito ativa de mulheres e com um fervor bem feminista, injetando um ânimo todo novo nas mobilizações da categoria. O que se busca é que o jornalismo, como negócio, em nosso Estado, supere as injustiças do passado e se eleve a um novo patamar, exercitado por profissionais cada vez mais capacitados e melhor remunerados para o exercício de suas nobres funções. Velho militante do sindicalismo que sou, muitas das vezes vacilante, muitas das vezes cético, me entusiasmo ao ver pessoas tão jovens e tão idealistas apontando para os empresários, talvez desatentos, a necessidade urgente desta correção de rumos na relação capital e trabalho que vivenciamos neste setor. Essa é uma campanha que pode ter dois lados vencedores. De um lado, os jornalistas cada vez mais irmanados em torno de sua entidade de classe e cada vez mais conscientes de suas responsabilidades. Do outro, o patronato cada vez mais alertado para o importante papel desenvolvimentista que repousa no primado da informação confiável e produzida, não como mera mercadoria, mas como um bem social de importância vital na definição dos destinos de nossa gente.
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