Por Gibran Lachowski*
Nesta semana duas despedidas me chamaram a atenção. A do senador mato-grossense Jonas Pinheiro, que morreu. E a de Fidel Castro, um dos maiores ícones da esquerda mundial, que deixou de vez o poder institucional de Cuba.
Todo o noticiário local pró-Jonas, a cobertura do choro de sua família e o acolhimento do povo de Santo Antônio de Leverger mostram que Mato Grosso perdeu uma pessoa importante para o agronegócio e incontestavelmente popular. Diante da dor de seus familiares, colegas e amigos é comum que nós, cristãos, a maioria católicos, respeitemos o momento difícil e deixemos para depois as análises mais contundentes.
Mas tivemos uma outra despedida: a de Fidel, que está vivo, apesar de fraco fisicamente e com 81 anos. E é um mito vivo, síntese de forte contestação à arrogância e preconceito históricos de sucessivos governos dos Estados Unidos.
E como não admirar Fidel por ter sido um dos maiores líderes revolucionários nas décadas de 60 e 70 no mundo, enfrentando a intromissão estadunidense em Cuba, estimulando a auto-estima do povo cubano e mostrando a importância de tentar exercitar o socialismo.
Tem gente que chama Fidel de ditador, mas não percebe (ou não quer enxergar) que isto é uma estratégia bem construída pela mídia comercial, lideranças mundiais de direita advindas, sobretudo, dos governos dos EUA, França, Itália, Inglaterra e demais países do suposto primeiro mundo.
Não foi ditadura o que o governo dos EUA fez contra milhões de cidadãos no Iraque e Afeganistão e faz contra latino-americanos? É democracia o que sucessivos governos franceses têm feito com a população árabe e negra? Que exemplos louváveis de democracia os governos inglês, italiano e japonês têm dado à humanidade? Idolatrar quem se engrandece com o suor de gente pobre, trabalhadora e as riquezas naturais de seus países não tem nada a ver com democracia. Só solidifica a exclusão social e a distorção dos fatos históricos.
E o próprio noticiário comercial mostra que Fidel é amado por milhões de pessoas em Cuba e serve de referência – ainda que questionado em certos pontos – para outros milhões pelo mundo afora.
Portanto, se me pedissem lágrimas, elas seriam para Fidel. Um mito vivo.
*Gibran Lachowski jornalista em Cuiabá, professor universitário e militante de movimentos sociais
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