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12 de ago. de 2008

DERRUBADA DO DIPLOMA NO JORNALISMO AMEAÇA A ÉTICA

Foto: Carradine Garcia
Paralelo às publicações de maior circulação no país e no mundo, como os jornais Le Monde, O Globo, Washington Post e The Independent, entre outros com menor destaque, mas de igual credibilidade, proliferam as publicações da conhecida imprensa marrom. Jornais sensacionalistas, que exibem cadáveres sem nenhum pudor e ainda recebem dinheiro para elogiar este ou aquele político, destruindo a imagem dos adversários, são pragas que parecem ter vindo para ficar.


Ao abrir um jornal da imprensa marrom, o leitor logo perceberá a linguagem típica desta publicação: texto carregado de adjetivos, fontes imprecisas e duvidosas, idéias subjetivas e doutrinárias, factóides e parcialidade óbvia são algumas das características. Em jornal sensacionalista até “Chupa Cabras” vira manchete! A elegância das palavras converte-se em linguagem chula e vulgar.


Na TV, alguns programas também revelam este lado trash* do jornalismo. Em um programa sério, os dois lados são ouvidos, os cadáveres são totalmente cobertos por um efeito (como o mosaico, por exemplo) e fontes com credibilidade são buscadas. Do contrário, a notícia ganha um caráter sensacionalista, sem se preocupar com a verdade objetiva dos fatos, que são banalizados ou superestimados, conforme os interesses editoriais.


A razão deste tipo de imprensa estar proliferando encontra-se na qualidade dos profissionais. No caso da imprensa marrom, aventureiros que resolveram “virar” jornalistas, mas não fizeram faculdade para isso, encontraram um prato cheio para se esbaldar. Pessoas que trabalham com o registro precário sentem-se no direito de usar o jornalismo como moeda de troca, principalmente no meio policial e político. A principal vítima desta realidade é o leitor/telespectador, que fica refém de um noticiário distorcido, corrompido e antiético.


O pior é que este jornalismo de má qualidade agora está ganhando a chancela da Justiça para continuar sua ação nefasta na sociedade. O Ministério Público Federal apresentou um recurso extraordinário que questiona a regulamentação profissional dos jornalistas. A matéria ganhou parecer favorável do relator ministro Gilmar Mendes do Supremo Tribunal Federal (STF) e pode ser votada a qualquer momento, sem direito a recurso, derrubando por terra o diploma para o exercício da profissão.


No dia 15 de agosto, entre 9h e 15h, o Sindicato dos Jornalistas de Mato Grosso, professores e alunos de faculdades de jornalismo vão à Praça Alencastro em Cuiabá para protestar contra a derrubada do diploma pelo STF. Todos aqueles que defendem um jornalismo ético e de qualidade poderão participar de um abaixo-assinado que será enviado à Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj).


Convocamos toda a sociedade para participar deste apelo popular. Ainda mais que se essa onda de derrubar diplomas começar, como será se advogados práticos começarem a ganhar o mercado? E os dentistas sem formação, que abrem consultórios para arrancar os dentes? E se os práticos da educação física tomarem as academias aplicando exercícios errados? Uma categoria sem diploma, sem preparação, é uma classe desvalorizada, com salários rebaixados e que oferece o pior à sociedade.


*trash: lixo em inglês, palavra também utilizada para designar um tipo de cultura cuja qualidade é muito inferior seja no cinema, literatura ou jornalismo.


Andrea Godoy é jornalista diplomada em Cuiabá (MT).

3 comentários:

Anônimo disse...

Na verdade, a imprensa séria e ética ameaça os interesses de gente, que como Gilmar Mendes, não tem medo de nada, a não ser de um quarto poder: a imprensa. Poder que se estrutura e ganha força a partir de profissionais mais politizados e críticos que a média brasileira. Jornalistas sérios e competentes fuçam nas feridas da corrupção e do abuso das autoridades. Questionam, batem de frente, mobilizam e querem se fazer ouvir. Ainda que amordaçados ou nas mãos de interesses empresariais, essa é uma categoria que significa ameaça aos grupos de desordeiros que tomam conta do país. Desse gente que usa a bandeira nacional de pano de prato. Fica deitada em berço explêndido rindo da miséria de um povo que vende voto a troco de dentura ou armação de óculos! Sou jornalista diplomada com orgulho. Viva a democracia! Andrea, parabéns pelo artigo, ficou ótimo. bjos.

Anônimo disse...

berço esplêndido, só uma correção....

Nadia disse...

Colegas PROFISSIONAIS! Jornalismo não é serviço, é PROFISSÃO! E diploma faz toda a diferença SIM.Chega de abusos. Eu quero meu direito de ser profissional.