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5 de mar. de 2009

Ao Pé da Lei

Por Eduardo Mahon, advogado

Jornalismo 1 - Nos blogues mato-grossenses trava-se uma polêmica das mais interessantes. É que o Sindicato dos Jornalistas articula junto ao poder público a cessão de terreno e emendas orçamentárias para a construção de sede própria. A questão levantada por Villa sinaliza para o comprometimento da isenção do jornalismo local, pela justaposição de interesses classistas, atrelando-os com linhas político-partidárias que seriam poupadas.

Jornalismo 2 - Essa linha de questionamento não é nova e se confunde não apenas com a atividade informativa, mas com qualquer outra que diga respeito à fiscalização do poder público. Evidente que os partidos e políticos tentam cooptar não só os informadores, como os formadores de opinião. É um mecanismo tão surrado que outras formas mais explícitas de subvenção passam incólumes aos comentários.

Patrocínio 1 - A forma mais honesta de desarmar um esquema de compra e venda de informação é explicitar as relações entre mídia, política e comércio. Os patrocínios diretos, em espaços reservados e tarjados como promocionais, são muito mais honestos do que o assalariamento de profissionais para "falar bem" ou "falar mal" de determinado segmento político.

Patrocínio 2 - O jornalismo evoluiu e não está resumido à notícia. Aliás, nunca esteve resumido a isso. De qualquer forma, instituições contratam os profissionais da comunicação e, nem por isso, a atividade jornalística será comprometida. É muito mais honesto revelar que a notícia tem um dono, uma intenção ou um programa do que reprisar o discurso da ingênua isenção. Até impressões pessoais do jornalista, suas vivências, luzes e trevas, fazem a diferença numa manchete, num texto, numa fotografia.


Quanto custa um jornalista?

Com esses padrões éticos, é necessário refletir se emendas parlamentares e a cessão do terreno podem comprometer a isenção do jornalismo mato-grossense. Inicialmente, é preciso pontuar que não há essa tal de imparcialidade pregada em anúncios publicitários tão costumeiros. A linha editorial varia conforme a aproximação ou afastamento com o poder público, com interesses e percepções das empresas. Não há notícia despida de conteúdo subjetivo e de interesses. Aliás, mais importante do que a notícia é a omissão da notícia.O sindicato pode influenciar diretamente a linha editorial dos jornais? Obviamente, os profissionais que militam para a classe pertencem, eles mesmos, aos meios de comunicação mato-grossenses e, não raro, prestam assessorias particulares para políticos, instituições, além dos próprios jornais. Fazendo uma reflexão sobre a hipótese levantada por Villa e também repercutida por Adriana Vandoni, não acredito que a mídia regional seja mais comprometida do que já está.O compromisso deste ou daquele jornalista, vinculado cada qual a um grupo de interesse, seja econômico, seja político, mostra que a pluralidade da imprensa é, por si só, uma garantia contra o monopólio da informação. E, nesse ponto, os blogues vencem os jornais não só em instantaneidade, como em análise crítica e engajada da informação que chega a ser ignorada pelo jornal tradicional. Mas também eles têm os seus patronos, o que é muito natural. Os blogues de jornalistas ou de não-jornalistas revolucionaram o jornalismo, dissecando interesses. Até a polêmica é positiva.Todavia, uma sede para o sindicato não levará vinculação e mordaça. Acredito que sejam outros tipos de subvenção, mormente as implícitas. Pressão jornalística para receber dívidas, para deixar de divulgar um conjunto de informações relevantes, negociação para promover a exposição deste ou daquele, isso sim é um assédio corruptor. Várias outras entidades de classe foram beneficiadas com terrenos e emendas e, nem por isso, estão comprometidas com aquela gestão governamental, institucionalmente com um gestor, empresa ou partido político.Fosse assim, deveríamos rememorar qual gestão responsável pela construção desta ou daquela entidade e comparar a relação institucional, a fim de obtermos uma análise honesta. Tantos órgãos públicos mato-grossenses tiveram suas sedes construídas ou ampliadas e, por isso, é possível vincular os órgãos de julgamento e fiscalização à gestão de Maggi? Instalações, dotações orçamentárias, liberação de verbas são capazes de comprar tudo e todos? Não depende de quanto e sim de quem.Um salário para um jornalista, um cargo comissionado para um assessor, um patrocínio para a empresa de informação não causa escândalo, caso o trabalho seja pautado pela honestidade. O sindicato pode e deve receber sua sede. Que o prédio sirva para mostrar gestões indo e vindo, bafejadas ou amaldiçoadas pela popularidade. Fique o edifício, passem os governantes. Qualquer profissional pode se vender por muito menos do que um prédio e, de outro lado, um profissional pode não se vender por preço algum.

2 comentários:

johnnymarcus disse...

Desde quando precisamos de Mahon para nos defender? Este mesmo artigo está em vários outros blogs. E daí?

Alexandre Aprá disse...

Por que você não escreve um artigo defendendo os jornalistas então, sr. Johnny Marcus?