Jornalistas e gráficos distribuem nota pública denunciando a intransigência dos jornais O Povo e Diário do Nordeste nas negociações das duas campanhas salariais. "Por serem categorias cujas reivindicações não ganham as páginas de jornal, pois os patrões são os próprios donos dos periódicos, jornalistas e gráficos precisam se desdobrar para furar o bloqueio da grande mídia e fazer a sociedade tomar conhecimento de suas reivindicações", diz a nota, que pede o apoio da sociedade à greve das duas categorias. Leia abaixo a nota na íntegra:
Nota
O Povo e Diário do Nordeste empurram jornalistas e gráficos para a greve
Jornalistas e gráficos do Ceará vivem um momento delicado, e por causa da intransigência dos donos do Diário do Nordeste e do O Povo em negociar, os trabalhadores decidiram, nesta quarta-feira (18/3), entrar em greve por tempo indeterminado. Foi a alternativa que restou diante do desrespeito patronal. Nesta luta, temos a adesão do movimento sindical e esperamos contar com a sensibilidade e o apoio da sociedade.
A campanha salarial dos jornalistas se arrasta desde setembro de 2008 e a dos gráficos desde novembro. O desrespeito se tornou prática corriqueira na relação das empresas com os empregados, postura que expõe a inconsistência do discurso de responsabilidade social estampado nas páginas dos dois jornais.
Nas duas últimas manifestações dos trabalhadores contra o aviltamento salarial, os empresários tentaram intimidar jornalistas e ameaçaram os funcionários que participassem do movimento. Em 23 de dezembro, o Diário do Nordeste acionou segurança privada e a PM para desmobilizar a categoria em protesto diante da empresa. Em 6 de março, O Povo fez o mesmo e ainda cercou o prédio com grades de ferro.
De algozes, os empresários usam o espaço dos próprios veículos para se passarem por vítimas, relatando versões favoráveis a eles e distorcendo fatos para macular a imagem do movimento sindical. Por serem categorias cujas reivindicações não ganham as páginas de jornal, pois os patrões são os próprios donos dos periódicos, jornalistas e gráficos precisam se desdobrar para furar o bloqueio da grande mídia e fazer a sociedade tomar conhecimento de suas reivindicações.
O contexto é desfavorável aos profissionais, mas também à sociedade, haja vista que um Jornalismo de qualidade tem relação direta com as condições de trabalho e remuneração de jornalistas e gráficos. Os patrões insistem em oferecer 0% de ganho real no reajuste do piso salarial dos jornalistas e propõem apenas 0,5% para os gráficos. Impõem as mesmas propostas já recusadas pelos trabalhadores e ignoram a reivindicação conjunta de reajuste: 1,02% acima da inflação.
Enquanto os jornalistas querem elevar o piso de R$ 1.152,00 para R$ 1.246,95, os empresários só querem pagar R$ 1.234,36. Os R$ 82,36 que os patrões se propõem a dar em 2009 é inferior ao reajuste de R$ 100,00 conquistado na campanha salarial de 2004. O que os jornalistas pedem hoje é apenas R$ 12,59 a mais que os R$ 82,36 oferecidos pelas empresas, o que resultaria em R$ 94,95, valor ainda menor que o reajuste de 2004.
Os empresários insultam a categoria quando se negam a oferecer R$ 12,59, mas contratam, a R$ 12 mil por dia, segurança privada para reprimir os trabalhadores. O valor é suficiente para pagar por mês o reajuste de quase 1.000 jornalistas que recebem piso salarial. Os R$ 12,59 fazem muita diferença no orçamento dos trabalhadores, mas pouco interferem na confortável situação financeira das empresas. Em 2007, O Povo lucrou R$ 1,78 milhão e o Diário do Nordeste, R$ 2,5 milhões.
Por mais respeito a gráficos e jornalistas, estamos em greve e pedimos o apoio de toda a sociedade cearense.
Fortaleza-Ceará, 18 de março de 2009
Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Ceará - Sindjorce
Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Gráfica, da Comunicação Gráfica e dos Serviços Gráficos do Estado do Ceará – Sintigrace
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