Foto: Dafne Spolti (Estudante de Jornalismo da UFMT)
A sociedade civil organizada já se está se articulando, em Mato Grosso, para a realização das pré-conferências municipais e estadual, que vão preceder a Conferência Nacional de Comunicação, a ser convocada pelo presidente Lula provavelmente para os dias 1 a 3 de dezembro deste ano, conforme ele já anunciou extra-oficialmente, porém publicamente.
Pela primeira vez na história do Brasil a mídia será matéria de uma conferência no país.
Coletivos em todos os estados estão se preparando para a Conferência Nacional, pelo menos desde o ano passado.
Em Mato Grosso, a articulação está sendo feita por meio Fórum Estadual pela Democratização da Comunicação (FEDC).
Fazem parte do Fórum o Conselho Regional de Psicologia (CRP), o Sindicato dos Jornalistas de Mato Grosso (Sindjor-MT), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), a Associação dos Docentes da UFMT (Adufmat), Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT), a Rede de Educação Cidadã (Recid), a Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária (Abraço), o Centro Acadêmico de Comunicação Social da UFMT (Cacos), o Diretório Central dos Estudantes da UFMT (DCE-UFMT), entre outras entidades. O Fórum é aberto à participação de movimentos sociais que tenham interesse em interferir no debate sobre as mudanças de rumo da mídia no país.
As reuniões do Fórum são semanais, às quintas-feiras, às 18h30, no CRP, que fica na rua 40 do bairro Boa Esperança, próximo ao colégio Máster Junior. Telefone para contato: 3627-7188.
Já está pré-definido que o Fórum vai realizar ao menos três conferências municipais em Mato Grosso e uma estadual.
O Fórum está agendando as primeiras audiências com os executivos municipais e estadual, já que eles é que devem convocar as pré-conferências. E também com deputados e vereadores de partidos já alinhados nacionalmente com essa luta.
Como é possível perceber pelas entidades ligadas ao Fórum, este não é um debate que interessa apenas a jornalistas, mas a toda a sociedade. Todos, portanto, estão sendo chamados para o debate.
Para a secretária geral do Sindicato dos Jornalistas de Mato Grosso, Márcia Raquel, esta não é uma luta contra a imprensa, muito pelo contrário. “É preciso compreender que a luta pela democratização da comunicação não é uma batalha contra a TV e o rádio. Pelo contrário, é uma luta para transformar esses mecanismos, que são concessões públicas, em instrumentos que realmente promovam a democratização das informações, independente de interesses comerciais e políticos dos que detém o controle do sistema. Ou seja, é preciso fazer da TV e do rádio a caixa de ressonância dos verdadeiros interesses e necessidades do povo brasileiro, que é o verdadeiro dono destes canais".
Na opinião de Fran Frasseto, secretário executivo do Sintep-MT, “a sociedade tem que ter acesso às informações de uma forma correta, com uma visão geral e não apenas da classe dominante”.
Para Mariana Freitas, estudante de Jornalismo da UFMT e diretora do DCE-UFMT, este é um momento muito importante. “Na nossa sociedade, a grande formadora de opinião é a mídia e quem manda na mídia é a burguesia. Então a gente precisa fazer com que o povo tenha acesso às comunicações e consiga passar a sua mensagem”.
Representando o Centro Acadêmico de Comunicação Social da UFMT, a estudante de jornalismo da UFMT, Dafne Spolti, diz que “é preciso lembrar que a mídia também é um dos setores da sociedade e que ela precisa ser democratizada para envolver as pessoas nas lutas por educação, reforma agrária, saúde, cultura, esportes”. Interesses eminentemente populares.
O estudante de jornalismo Johnny Marcus entende que informação confiável é direito constitucional. “Por isso, os meios de comunicação não podem atender a interesses privados, mas sim públicos.” Ele lembra que o marco da farra das concessões de rádios e TVs se deu em 1985, com o advento da Nova República, quando José Sarney assumiu a presidência da República e depois com Antônio Carlos Magalhães no Ministério das Comunicações. “A maioria das emissoras passaram às mãos de políticos e obviamente essa discussão não interessa a eles. Essa conferência é um pontapé inicial de um processo longo e doloroso. Mas a coisa como está não pode ficar. É um começo”.
O adoecimento da população, exposta à programação de uma mídia inconseqüente, é a principal preocupação do Conselho Regional de Psicologia (CRP). A presidente da entidade, Marisa Helena Alves, diz que o CRP já tem história nesse debate. “A mídia sempre nos preocupou e nos interessa a influência que ela exerce na formação da subjetividade humana. Estamos muito engajados e muito preocupados, lutando para que surjam leis, que regulamentem propagandas, tem a questão da criança, do desenvolvimento infantil, a questão do idoso, o uso de bebida alcoólica e outras drogas, etc.”
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