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Da assessoria Após seis rodadas de negociação, mediadas pela Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de Mato Grosso, o Sindic...

25 de mar. de 2009

NÃO VAMOS PAGAR PELA CRISE


Foto: Neusa Baptista/Cronos

Sindicatos, movimentos sociais e centrais dos trabalhadores se unem em ato contra demissões e perdas de direitos conquistados


Militância está convocada para ir à praça Alencastro dia 30, às 9h. Esquerda esquece divergências entre si e se alia em objetivos comuns

CENTRO DA CAPITAL VAI PARAR!!!!!

Representantes de mais de 15 sindicatos, movimentos sociais e outras entidades de classe, além das centrais sindicais, se reuniram em Cuiabá hoje, quarta-feira, dia 25, pela manhã, na sede do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil, para articular, na capital, o ato do dia 30 de março, próxima segunda-feira, onde os trabalhadores vão afirmar que se negam a pagar pela crise e que essa crise deve ser paga por quem a gerou: os detentores do capital, os empresários, banqueiros, latifundiários e os ricos de modo geral. O ato, que será reproduzido em todas as capitais brasileiras e outras cidades do Brasil e do mundo, terá, por isso mesmo, ressonância nacional e internacional. Em Cuiabá, a concentração na Praça Alencastro, em frente à Prefeitura Municipal, começa, na segunda de manhã, às 9h. Com previsão de término para as 11h. A Adufmat participará do ato e realiza amanhã, quinta-feira (26) uma Assembléia Geral, com essa pauta.
“Este pode ser um marco de reorganização da classe trabalhadora”, diz o presidente da Adufmat, Carlinhos Eilert. “Estamos conclamando os docentes da UFMT, para que venham fazer força junto aos demais movimentos sociais. O professor universitário é um trabalhador, com muita carga horária e pressão por produção científica e, portanto, vítima desses processos”.
A articulação do ato do dia 30 surgiu no 9º Fórum Social Mundial (FSM), que, este ano, reuniu mais de 150 mil militantes brasileiros e de outros diversos países, de diversos movimentos, no Belém do Pará, de 27 de janeiro a 1 de fevereiro.
“É preciso antes de mais nada desmistificar a idéia de que as entidades de classe, os movimentos sociais, não servem para nada. Isso não é verdade, não é verdade. As entidades vêm se organizando. A marcha dos trabalhadores do ano passado, em Brasília, foi extremamente importante”, afirma Nara Teixeira, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino de Mato Grosso (Sintrae-MT) e da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) .
Para Marli Terezinha Ferreira, secretária geral da Central Única dos Trabalhadores em Mato Grosso (CUT-MT), é importante ficarmos de olhos abertos porque “em momentos de crise, o patronato quer sempre reduzir direitos garantidos”.
É consenso que, se o governo federal se dispõe a dar ajudas financeiras a empresários e banqueiros, por exemplo, que se dizem atingidos pela crise, é necessário também que dê aos trabalhadores garantias imediatas contra demissões.
Entre as bandeiras fundamentais neste ato, quais sejam a luta contra as demissões, pela redução da taxa de juros, por reforma agrária, moradia, saúde e educação de qualidade, o grupo que articula o ato em Cuiabá definiu pela inclusão da luta local pelo passe-livre e contra o reajuste da tarifa no transporte coletivo. “O estudante precisa do passe livre e, na família dele, isso é importante. Agora com a crise, há quem defenda a ampliação desse direito para o desempregado. Senão, como ele vai procurar emprego, se para sair de casa precisa pagar os R$ 2,05 na catraca?” - questiona o servidor do IBGE, membro do Comitê de Luta pelo Transporte Público (CLTP) e representante da Intersindical, Felipe Torquato.
Sobre as diferenças que hoje dividem a esquerda no Brasil, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT), Gilmar Soares, resume que, apesar de algumas discordâncias, “nós convergimos para um projeto de sociedade inclusiva, socialista, em que a classe trabalhadora tenha de fato vez e voz e direitos”. Por isso, na visão dele, esse alinhamento é possível e terá forte resultado de enfrentamento.
A presidente do Sindicato dos Jornalistas de Mato Grosso, Keka Werneck, espera que os colegas de profissão entendam que sempre há o momento de abraçar uma causa maior, que é a construção de nação. “Jamais teremos um país justo, enquanto estivermos preocupados apenas com questões individuais. O momento é de ir para as ruas, alinhados, articulados, cientes do nosso papel político, inclusive ao escrever matérias sobre o ato”.

VEJA OPINIÃO DAS ENTIDADES
“O momento agora é de unir forças, das entidades parceiras somarem forças. A luta é válida. A gente não pode ficar de braços cruzados. E a população tem que perceber que a crise está aí, já nos atingindo e também perceber onde, em que movimento social, cada um de nós se encaixa, como cidadãos, para buscarmos nossos direitos”.
Carmem Melo Castro (Rede de Educação Cidadã (Recid), ligada ao Instituto Paulo Freire, Secretaria Especial de Direitos Humanos e o Talher Nacional)
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“Nós aqui em Mato Grosso já estivemos reunidos outras vezes em pautas que são comuns de todos os trabalhadores. Todas as centrais estão unidas nesse momento em defesa do emprego, pela redução da jornada de trabalho sem redução de salário. Pautas comuns.”
Marli Terezinha Ferreira, Sindicato dos Bancários do Estado de Mato Grosso (Seeb-MT) e secretária geral da CUT-MT
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“Temos algumas divergências, mas a defesa dos trabalhadores, a garantia de direitos e ampliação de outros, isso é comum entre todas as centrais. Os trabalhadores, o povo, que sofre opressão, que sofre a diminuição dos seus direitos, que sente na pele que tem que lutar mais, que se mobilize, participe dessas atividades. É uma plataforma comum. É mentira que as entidades de classe não valem para nada. Há uma marginalização sobre os movimentos sociais de maneira geral. Olha o que está acontecendo com o MST. Um bando de baderneiros, de marginais? É o que viraram? O que é que é isso? É um absurdo. Os sem-terra são trabalhadores reivindicando terra para trabalhar. É um absurdo vincular um grupo social tão importante à baderna. Mas é o que a mídia muitas vezes diz. Em atos de rua, podemos dialogar com a sociedade. Dizer que tem sim rejeição ao projeto capitalista, ao neo-liberalismo, e que as entidades estão sim organizadas e seus representantes estão preocupados com a situação dos trabalhadores. A gente só vai conseguir mudar a situação que está, só vai conseguir lutar contra o desemprego, pela redução de juros e ampliação dos direitos sociais, quando a população se moblizar. Não adianta um número pequeno de militantes. O povo tem direito à educação e saúde pública de qualidade. É uma tarefa que todo o povo tem que investir. A gente quer atingir todo o povo”.
Nara Teixeira (Presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino de Mato Grosso (Sintrae-MT) e da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB)
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“É hora de dizer bem alto que essa crise não é nossa, não é da classe trabalhadora, não é da juventude, e vamos para a rua exigir que não cortem gastos. Nenhum direito a menos para a educação”.
Pablo Rodrigo Silva (União Nacional dos Estudantes – UNE)
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“Nós, mulheres, somos mesmo chamadas a participar de articulações como essas, afinal somos a metade da população. Nos momentos de crise, as mulheres sofrem mais, porque já sofrem com a discriminação no mercado de trabalho todos os dias. E culturalmente é mais fácil para os patrões demitirem mulheres. Nos momentos de crise, nós, mulheres, somos as primeiras a serem penalizadas. Não podemos nos omitir nesse momento”.
Janete Carvalho, presidente da União Brasileira das Mulheres em Mato Grosso (UBM-MT)
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“Nós convergimos para um projeto de sociedade inclusiva, socialista, em que a classe trabalhadora tenha de fato vez e voz, tenha direitos. Greve e atos de rua ainda são instrumentos fundamentais da classe trabalhadora”.
Gilmar Soares (Presidente do Sintep-MT)
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“Um aspecto fundamental é a questão da reforma agrária. Surge como saída nesse momento, dentro da intenção de oferecer alimentos mais baratos e para resolver o desemprego no campo. Essa é uma medida que terá reflexos agora e para o futuro. (...)A crise está aí, tem influência sobre os trabalhadores. Agora quem vai pagar por isso? Os trabalhadores? Ou aqueles que geraram a crise, que é o grande capital?”
Miranda Muniz (Presidente Estadual do PCdoB)
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“O papel dos professores universitários é estarem apoiando os movimentos sociais, de extrema importância para nosso estado e nosso país. A sociedade tem que estar unida em defesa dos trabalhadores. O ato é para demonstrar insatisfação. O povo tem que ir para a rua, tem que se manifestar. Porque o que a gente ouve hoje é: empresa tal demite milhares, empresa tal demite outros milhares. Aqui os frigoríficos estão demitindo e como ficam esses trabalhadores? Todos na rua? O povo deve se reunir e não comprar mais carne. Vamos fazer um grito de defesa do Brasil. Estamos conclamando que os docentes da UFMT venham fazer força junto aos movimentos sociais”.
Carlinhos Eilert (Presidente da Adufmat)
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“Não nos inibe nem um pouquinho ter Lula como presidente e continuarmos a fazer nossas lutas. Estamos prontos a continuar nossas reivindicações e exigências”.
Ivanildes Ferreira dos Santos (Gabinete do deputado Federal Carlos Abicalil)
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“Se nós não nos unirmos para enfrentar essa crise - porque a gente sabe que a classe patronal fantasia muito a crise para fazer com que os trabalhadores sejam penalizados - vamos ficar simplesmente por baixo”.
Joaquim Dias Santana, pedreiro (Presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Construção Civil, ligado Nova Central)
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“Como a crise pega todo mundo, há também uma posição coletiva que precisa ser tomada. O grande capital está atingindo a todos então precisamos, todos, enfrentá-lo de forma organizada e articulada”.
Inácio Werner, Centro Burnier Fé e Justiça
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“Muito importante essa tentativa de unificar a classe trabalhadora nesse momento de crise. Esse é um começo. Nesse momento é preciso a unificação. Quanto ao passe-livre, que será uma das bandeiras do ato, o estudante precisa disso e para a família dele isso é importante. Há quem defenda a extensão desse direito ao desempregado. Senão, como ele vai procurar emprego, se para sair de casa ele precisa pagar R$ 2,05 na catraca?”
Felipe Torquato (Servidor do IBG, membro do CLTP e representante da Intersindical)

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