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9 de mar. de 2009

“SONHEI SONHOS QUE NÃO VIVI”

Maria Angela de Lima
*** Mestre em Estudos Culturais/publicitária


A comemoração ao Dia Internacional da Mulher puxou a fila das mais diferentes mensagens na última semana. O último domingo, dia 08 de março, foi tomado de mensagens nas caixas de emails, na publicidade televisiva, dentre outros meios. Mensagens lindas, emocionantes, tocantes. Mas será mesmo que cada mulher que recebe estas homenagens sabe o porquê desta data? E o que ela realmente significa na vida de cada uma de nós? Algumas, nem fazem questão deste dia. O espaço é curto, mas vale a pena lembrar que esta não é mais uma data para o consumo ou para desencargo da consciência masculina. Esta é uma data para lembrar-se de mulheres que lutaram por liberdade em todos os sentidos.
Vito Giannotti, em seu belíssimo artigo “O Dia da Mulher nasceu das mulheres socialistas” descreve a origem desta data e, principalmente, mostra como foi derrubado o mito de que a comemoração refere-se à história de uma greve, que teria acontecido em Nova Iorque, em 1857, na qual 129 operárias morreram depois de os patrões terem incendiado a fábrica ocupada. Esta greve nunca existiu.
Na verdade, em 1910 na Dinamarca, na 2ª Conferência Internacional das Mulheres Socialistas organizada pelo Partido Socialista, foi proposta a realização anual do Dia Internacional da Mulher em busca de um ideal: “a luta por um mundo novo sem exploração e opressão do homem pelo homem e especificamente da mulher pelo homem”. A data ficou para ser definida por cada país.
Ainda segundo Giannotti, em 1917, durante a Guerra Mundial, as mulheres socialistas da Rússia comemoraram sua data em 23 de fevereiro pelo calendário russo, que correspondia ao dia 08 de março no calendário ocidental. E foi nesse dia que explodiu uma greve das tecelãs e costureiras de Petrogrado. Contrariando as decisões do Partido, que acreditava não ser o momento ideal para uma greve, aquelas mulheres declararam greve e saíram às ruas, pedindo por pão e paz. Este foi o estopim para a Revolução Russa. E a partir daí, a data 8 de Março foi definida como a data das comemorações da luta das mulheres.
De lá para cá, não só a verdadeira e linda história sobre a comemoração do Dia da Internacional da Mulher caiu no esquecimento, como também o seu real significado. Sabemos que ainda temos muito a lutar por espaço, respeito, direitos e oportunidades. E, principalmente, contra a violência física, psicológica e moral. Mas é bom saber também que caminhamos para isso. Em São Simão - Goiás, no dia 11 de fevereiro, aconteceu o julgamento do homem que torturou psicologicamente por sete anos e matou minha irmã a pancadas, em 2003. Foi condenado a 19 anos por homicídio triplamente qualificado, a maior pena que aquela pequena cidade já viu. Apesar da dor de pensar nos sonhos que ela, com apenas 31 anos, sonhou e não viveu, é um alento sentir que a justiça mostrou seu real comprometimento. Essa resposta precisa ecoar e repercutir em todas as famílias que sentem na carne a crueldade contra a mulher. Portanto, 08 de março é, antes de tudo, uma data para reflexão e ação.

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