Depois de quase 90 anos de circulação, o jornal Gazeta Mercantil concedeu férias coletivas a cerca de 100 pessoas que integram seu quadro de funcionários. A publicação do jornal, com isso, será interrompida temporariamente.
Estima-se que o jornal, que era controlado pelo grupo Companhia Brasileira de Multimídia (CBM), tenha cerca de R$ 200 milhões em dívidas trabalhistas. Na semana passada, a CBM publicou um comunicado, em sua página, na internet, informando que, a partir do dia 1º, não responderia mais pela representação das marcas Gazeta Mercantil e Investnews.
Em resposta, a assessora do grupo CBM Roberta Costa disse, por email, "que a constante penhora de receitas financeiras para garantir o pagamento de obrigações trabalhistas e tributárias da antiga Gazeta Mercantil estava inviabilizando a operação do jornal". O título, agora, volta ao antigo proprietário, Luiz Fernando Ferreira Levy.
Comunicado assinado pela Gazeta Mercantil S/A e Gazeta Mercantil Participações S/A diz que a interrupção é temporária "e, no menor tempo possível, a Gazeta Mercantil voltará a circular com os padrões de credibilidade, que constituíram seu paradigma de excelência, até o alijamento de Luiz Fernando Ferreira Levy da direção editorial, em virtude do qual este ficou impedido de exercer as funções e encargos de 'guardião da marca', que os contratos com a CBM lhe atribuem".
O presidente da Associação de Funcionários, Ex-Funcionários, Prestadores de Serviço e Credores do Grupo Gazeta Mercantil (Asfunprecre), Marcelo Moreira, ressaltou que a descontinuidade da publicação desvaloriza a marca, que já foi cotada em R$ 80 milhões. "A marca foi penhorada em nosso favor como garantia do pagamento de dívidas trabalhistas", afirmou.
Segundo Moreira, são cerca de 300 ações em que a Gazeta Mercantil figura como ré. O presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, José Augusto de Oliveira Camargo, disse que o sindicato está acompanhando "tudo de perto". "Nossa função é garantir que quaisquer que sejam as circunstâncias, os funcionários tenham seus direitos garantidos."
Segundo uma funcionária do jornal, que preferiu não se identificar, os empregados não sabem se serão demitidos e também não têm respostas definitivas sobre seus empregos e salários. Ela disse que houve especulações sobre a demissão. "Na sexta-feira, devemos receber nossos salários e as férias", afirmou.
A funcionária disse, ainda, que espera receber todos os seus direitos e que o grupo CBM afirmou que pagará o que deve aos funcionários do jornal. "Até agora não fomos formalmente demitidos, temos que esperar", completou. A assessora Roberta Costa afirmou que o grupo CBM é "sensível" e que, durante os 30 dias de férias coletivas dos funcionários, estudará "as possíveis realocações dentre as diversas áreas da empresa".
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