ATENÇÃO COLEGAS
O Supremo Tribunal Federal (STJ) já informou que está na pauta da próxima quarta-feira (17) um assunto que deveria ser incômodo como um prego no sapato para todos os jornalistas, estudantes de jornalismo e professores de jornalismo, mas não tem nos atormentado tanto, ou pelo menos não de forma dirigida, que provoque uma reação imediata, tão dura quanto será esse golpe contra a carreira: a eminência da cassação da obrigatoriedade do diploma para o exercício do jornalismo.
O Supremo Tribunal Federal (STJ) já informou que está na pauta da próxima quarta-feira (17) um assunto que deveria ser incômodo como um prego no sapato para todos os jornalistas, estudantes de jornalismo e professores de jornalismo, mas não tem nos atormentado tanto, ou pelo menos não de forma dirigida, que provoque uma reação imediata, tão dura quanto será esse golpe contra a carreira: a eminência da cassação da obrigatoriedade do diploma para o exercício do jornalismo.
Isso denota uma anestesia geral, o que não surpreende diante da conjuntura sistêmica, o aprofundamento do capitalismo, que nos empurra para um círculo vicioso de trabalho extenuante. Mal sobra tempo para os amigos, os amores, a família, os filhos, para o bar ou outro lazer, nem sobra tempo para a gente ficar à toa.
É fácil entender essa anestesia geral, quando o que se quer ao fim do dia é somente o necessário descanso. É fácil entender essa anestesia diante da desesperança causada por projetos políticos que nos frustram. Mas é preciso acionar o alerta, gente. Talvez nessa anestesia ainda haja alguns que ainda não tenham se apercebido do caos do momento para o jornalismo. Urge mais um grito em favor do diploma! Talvez o último.
O ministro do STF Gilmar Mendes, mato-grossense, de Diamantino, presidente do Supremo, já deu parecer favorável a derrubada do diploma para o exercício do jornalismo. Ele tem muita influência na Casa, óbvio. Ainda que tenha sofrido um solavanco nacional do ministro Joaquim Barbosa que o vaticinou chefe de capangas e ainda que atitudes suas estejam gerando atos públicos em todo o Brasil.
Há, ainda assim, um enorme risco, depois de três adiamentos, que, na próxima quarta-feira, a obrigatoriedade do diploma caia por terra. É possível escutar o relógio dando as últimas badaladas, sentir o bafo na nuca dos votos sim ou não, pressentir o resultado da votação, imaginar as articulações por trás de tudo isso, desde que essa matéria entrou nos tribunais do Brasil. E o gosto amargo na boca, caso o resultado seja negativo para nós.
O grande argumento de Mendes e dos empresários da radiodifusão de São Paulo, que acionaram a justiça para decidir a causa, é a liberdade de expressão. Ou seja, para eles, sem a exigência do diploma para o exercício do jornalismo a imprensa será mais livre. Não procede.
Se não há liberdade de imprensa é porque os governos e o capital financeiro pagam para que as matérias que lhes convém sejam publicadas e nunca o contrário disso, salvo exceções.
Jornalistas, exceto os que assumem cargos ditos de confiança, estão à revelia das decisões editoriais nas redações e em outros ambientes de trabalho jornalístico. Portanto, não será cassando a obrigatoriedade do diploma de jornalista que haverá mais liberdade de expressão. É atacar a formiga, enquanto a raposa se apodera, sorridente, do galinheiro.
Caindo a exigência do diploma, haverá de imediato o achatamento salarial, claro, com muito mais gente no mercado. E podemos esperar o aprofundamento das demais distorções já identificadas no mundo das comunicações.
Já fizemos o enterro simbólico do Gilmar Mendes, em Cuiabá, ano passado. Já fizemos ato em Brasília, com sindicatos articulados pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), em frente ao Supremo. A mesma Fenaj tentou, com as “pernas” políticas que tem, fazer uma intervenções, com esse e aquele ministro, essa e aquela entidade, com o povo, que chegou a se posicionar em pesquisa favorável ao diploma. Nós, nos estados, também fizemos o que pudemos. Alguns conseguiram ir para as ruas. Mas o fato é que ainda há o risco da desregulamentação da profissão.
Por fim, peço que cada um e cada uma que ler este texto o replique e responda a esse e-mail –vamos tentar um ultimato virtual. Entre terça e quarta. Vamos alimentar o blog do Sindjor-MT com comentários e enviar também nossa opinião à Fenaj e ao STF.
Ainda resta esperança.
A DIRETORIA
3 comentários:
É gente, nada melhora com a queda do diploma. Só piora. A informação cai, sim, porque no fim das contas, a maioria das empresas não estão preocupadas com a qualidade do jornal que é feito. Apenas em pagar pouco, preencher espaço e ter seus interesses garantidos ali. Atacar ou proteger esse ou aquele lado. A liberdade de expressão jamais será garantida com a queda do diploma. Esse argumento é ridículo e doloroso de ouvir.
Ninguém nunca vai me ouvir dizer que não existem bons jornalistas sem formação acadêmica. Lógico que existem e conheço vários. Mas o momento agora é outro, é o caos nas comunicações, é outro jornalismo. Além disso é preciso muito chão para ser bom jornalista. Sem formação acadêmica o caminho é ainda mais longo. Uma outra coisa é que estamos num momento de "não-ideologia". O individualismo é cada vez maior e, por isso, o espaço universitário é tão importante. Por mais que haja muitas falhas, que a academia esteja cada vez mais alinhada com a lógica do sistema capitalista, menos interessada em fazer as discussões necessárias, ainda é, sim, um espaço para isso. E onde bem ou mal, essas discussões acontecem. Para quem quer ser jornalista de fato é necessário pensar no social. E na faculdade esses "pensares sociais" acontecem em onda, o que é bom, porque envolve mais futuros profissionais.
É até bobo ter que ficar falando que a formação acadêmica é importante, o que deveríamos estar dizendo agora é sobre a qualidade da academia e dos cursos de jornalismo especificamente. Mas já que o perigo está aí, façamos algo.
Beijos a todos,
Parabéns pelo texto,
Dafne
Estudante de jornalismo da UFMT, que às vezes se cansa de ser estudante, mas não abre mão disso porque sabe a importância que tem
É o fim da profissão literalmente. O trabalho já tão desvalorizado ficará ainda pior. Qualquer aventureiro poderá sair por aí dizendo-se Jornalista, sem compromisso com a ética e com a verdade. Claro que sabemos que os jornalistas só podem escrever o que os "donos" de veículos querem, a cada dia somos tolhidos de fazer o nosso trabalho, mas ainda assim, mantemos a luta para divulgar os fatos, denunciar. Sempre na esperança de conseguir furar a vigilância do patrão.
A formação acadêmia é essencial nesse processo. Os quatro anos passados na universidade ou na faculdade são fundamentais para separar o "joio do trigo", definir quem pode ou não ser um profissional da comunicação, aprender sobre ética, verdade dos fatos. Quantos entram nos cursos de Jornalismo e quantos estão efetivamente atuando na área? Fazendo um rápido cálculo pelo meu curso, aproximadamente uns 30% apenas. Aí já começa a função dos cursos, sem contar o aprendizado com os professores - mestres que apontam as diretrizes do trabalho.
Sem o diploma, as empresas de Comunicação, que já consideram os jornalistas como um "mal necessário" irão tratar os profissionais com mais despreso ainda e a velha frase - "não está satisfeito, pode dar o fora que tenho uma pilha de curriculos na minha mesa" - será ainda mais imperiosa. Os patrões nos dirão: olha, nem preciso contratar jornalista, posso contratar qualquer um por aí".
A quem interessa o fim do diploma: apenas aos empresários, que tratam a Comunicação e o Jornalismo apenas como um meio de enriquecer, ganhar poder e espaço político.
Não podemos deixar isto acontecer. Toda a classe será prejudicada com a queda do diploma. Se já não somos valorizados, seremos menos ainda. Só não entendo como isso ainda tem que ser discutido. É óbvio que todo profissional deve ter um diploma para ser apto a realizar suas funções.
Não seremos mais respeitados pela nossa profissão, sendo que qualquer um será jornalista, sem nenhuma formação, isso é inadimissível.
Precisamos tomar alguma decisão, para impedirmos que esse absurdo seja concretizado.
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