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7 de ago. de 2009

ARTIGO - Caso Lutero: cidadania e autocrítica




Gibran Lachowski, jornalista em Cuiabá, professor universitário e militante de movimentos sociais
A pressão de movimentos sociais foi fundamental para que a abertura de investigação sobre o vereador de Cuiabá, Lutero Ponce (PMDB), tivesse legitimidade popular. Não fossem as cerca de 300 pessoas em protesto em frente e dentro da Câmara da capital (quinta, 06), a votação que aprovou a instalação da Comissão Processante seria apenas um ato legal, institucional.

Como houve “pressão”, a investigação que objetiva saber se o ex-presidente do legislativo municipal desviou dinheiro público deverá ser fiscalizada pela chamada sociedade civil organizada.

A participação dos movimentos também estimulará transparência da comissão, composta pelos vereadores Francisco Vuolo/PR (presidente) e Lúdio Cabral/PT (relator) e pela vereadora Luecy Ramos/PSDB (membro).

Conhecimento
Por isso é importante saber tecnicamente que procedimentos vão orientar os trabalhos da comissão pelos próximos três meses. O conhecimento desses mecanismos dará condições aos movimentos de saberem como atuar. Capacitará militantes a informarem pessoas distantes do processo como funciona o jogo e quais as ferramentas à disposição.

Ainda, testará a habilidade e a organização dos movimentos para buscarem outros mecanismos de participação, caso os previstos nas regras locais limitem seu poder de atuação.

Em suma, o acompanhamento do “caso Lutero” é uma boa oportunidade para exercitar a cidadania. Para refletir sobre o nível e as formas de envolvimento da sociedade quanto ao assunto. Também para fazer uma autocrítica de como andam os movimentos. Ou seja: de como estão funcionando; que pedagogia (s) utiliza (m) para socializar informações, internamente e externamente, e tomar decisões.

Homofobia
Entendo que um dos tópicos imediatos a ser avaliado pela movimentação é a postura quanto ao “caso Ralf Leite”. Pois parcela considerável das pessoas que defendeu nas galerias da Câmara a investigação sobre Lutero – e também pediu sua cassação – agiu de forma preconceituosa em relação ao outro parlamentar (PRTB), acusado de abuso de um travesti menor de idade.

Atitudes homofóbicas (preconceito contra a pessoa por conta de sua orientação sexual) se viram aos montes, e entre risos. Como se houvesse prazer em ofender o parlamentar pelo fato de ter sido pego com um travesti e não em razão da acusação de exploração sexual juvenil e das subseqüentes suspeições de abusar de autoridade e tentar subornar PMs.

Cidadania e autocrítica
Como se vê, a caminhada em busca da democracia nos requer acesso às informações e estudo reflexão sobre as mesmas, mas também nos exige coragem para fazer a autocrítica e perceber as incoerências. O objetivo de tudo isso é qualificar nossa participação social, nos melhorarmos enquanto cidadãs\cidadãos nos aspectos coletivo e individual.

No mais, continuemos a empreitada. Pois é na luta do dia-a-dia que a gente muda o mundo.

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