O início do congresso foi na sexta-feira (8). Antes da abertura oficial do evento, os participantes se dividiram em grupos para participar das oficinas. As primeiras oficinas aconteceram na parte da tarde. Às 14 horas a advogada e membro da OAB-MT, Tânia Faiad, coordenou a oficina sobre “Assédio moral no ambiente de trabalho” e explicou que assédio moral, também chamado “patologia da solidão e do silêncio”, é caracterizado por situações repetitivas que constrangem ou denigrem a imagem de colegas de trabalho. Ela também disse que essa prática, no ambiente de trabalho, pode ser descendente, de um chefe para com um colega em posição hierárquica inferior na empresa, mas também ascendente, de um subordinado para com o seu chefe, ou mesmo entre colegas em uma mesma condição hierárquica. Os motivos para isso são vários, desde sentimentos de inveja a divergências de idéias ou pessoal, relacionou a advogada.
No mesmo momento, em outro espaço, jornalistas, estudantes e demais congressitas participavam da oficina “Patriarcado, capitalismo, gênero e violência: um quadrinômio a ser desvelado” com a pesquisadora do Instituto Terra Viva, Rosa Maria Morceli. O início da oficina foi diferenciado, cada participante recebeu um pedaço de biscuit para fazer sua apresentação pessoal por meio de uma mini-escultura de um animal que representasse as características do participante. Logo após, o debate ficou por conta dos efeitos da comunicação em torno das mulheres. Rosa Maria apresentou o projeto do Observatório da Mulher reforçando a importância de se criar um grupo de trabalho em Cuiabá. “Precisamos debater isso todos os dias, não podemos ficar atrelados aos debates feitos pelos grandes meios de comunicação”,ressaltou a pesquisadora.
Depois do primeiro turno de oficinas, os participantes do III Congresso dos Jornalistas tiveram a oportunidades de participar das oficinas de radiojornalismo e fotojornalismo. O fotógrafo Mário Friedlander pontuou que a fotografia é um trabalho intelectual e que não indicar o autor da foto e sim da empresa em que trabalha é um crime. “Isso só pode acontecer se o fotógrafo exigir que a autoria não seja colocada, por questões como segurança ou outra que ele entenda”, disse. Mário conversou com os participantes sobre antropologia da fotografia que, segundo ele, é uma maneira politicamente engajada de fotografar. Depois disso, Mário mostrou e comentou as fotos que estão em exposição na Universidade Federal de Mato Grosso, sobre patrimônios imateriais de Mato Grosso, como a fé.
Enquanto isso a radialista Maria Góes apresentava a linha do tempo do rádio. Além de pontuar a situação das rádios comunitárias, as dificuldades que essas emissoras enfrentam para conseguir a autorização de funcionamento. Maria Góes mostrou um quadro com o quantitativo das rádios em Mato Grosso, são mais de 100 emissoras comerciais e cerca de 80 comunitárias espalhadas pelo Estado. O ponto chave da discussão foi os trabalhos de rádios realizados na internet. Segundo a radialista, hoje o profissional da área precisa saber fazer áudio, fotografia, redação para sites. O mercado exige conhecimentos básicos em todas as técnicas, já que o aumento de ouvintes pela internet é diário. Maria Góes mostrou alguns programas feitos pela rádio do TCE e da Secom na web. Ela ainda comentou que “hoje várias empresas estão utilizando a transmissão por rádio via internet, até empresas de calçados”, para buscar o público e anunciantes.
A abertura oficial do evento foi na noite de sexta-feira, reunindo cerca de 200 pessoas, entre jornalistas, estudantes, blogueiros e representantes de organizações da sociedade civil. Na ocasião, a gestão diretora do Sindicato dos Jornalistas, “Não abandone o Gilmar”, transferiu os cargos para a nova gestão “O Sindicato é Você!”, presidida pelo jornalista Téo Meneses. Os convidados Beatriz Barbosa (Intervozes), José Torves (Fenaj) e Sônia Zaramella (UFMT), falaram sobre o tema do encontro: “A notícia, o comunicador e os desafios na sociedade contemporânea”. “O que é notícia hoje em dia? Quem é comunicador?” Perguntou a diretora de mobilização do Sindjor, Keka Werneck, na abertura da mesa.
O segundo dia do III Congresso Estadual dos Jornalistas, teve a participação do jornalistas da revista Caros Amigos, José Arbex Jr., que foi aplaudido em pé após a sua palestra com o tema “Reflexões sobre o jornalismo contemporâneo”. Arbex iniciou sua exposição falando de como assunto tão delicados, como as operações coletivas da Polícia Militar nos morros do Rio de Janeiro, são tratadas nas mídias. “Nem na ditadura militar eu vi uma campanha do tipo ‘queremos sangue’ tão grande numa televisão aberta. Essas operações da Polícia Militar nos morros do Rio de Janeiro são típicas do nazismo”, disse Arbex.
O jornalista também afirmou que essa operação, “Tropa de Elite”, demonstra a relação perigosa entre Estado (Polícia e Exército) e imprensa (Rede Globo, no caso). Segundo ele, a imprensa se encarregou de cobrir as operações com o objetivo de legitimar o processo. Entre outras coisas, Arbex falou sobre os desafios e experiências que teve na profissão, pois uma grande dúvida dos presentes era como fugir desses vícios e das barreiras que as empresas geralmente colocam dentro das redações, para fazer, de fato, um jornalismo socialmente responsável e crítico. “Estudar, estudar e estudar”, foi a resposta do palestrante. “Se você demonstrar com competência e argumentos sólidos a sua posição, não terá tantas dificuldades”, garantiu.
O último dia do congresso, domingo, foi dedicado para apreciação das teses e moções. Jornalistas com DRT tiveram a oportunidade de inscrever teses para que fossem aprovadas e posteriormente encaminhadas para a Fenaj. A plenária contou com a participação de professores de comunicação, jornalistas e estudantes que debateram temas políticos como a I Conferência Nacional de Comunicação, a formação especializada de jornalistas ambientais, investigativos por meio de cursos de capacitação, a inclusão social de negros, índios, quilombolas no âmbito da categoria e nos veículos de comunicação, além de debates emblemáticos como a obrigatoriedade ou não do diploma, o conselho federal dos jornalistas e o conselho nacional de comunicação acaloraram mais as discussões. No final, o III Congresso Estadual dos Jornalistas de Mato Grosso aprovou 17 teses que serão encaminhas para a Fenaj e discutidas no congresso nacional da entidade ano que vem, no Acre. Foi aprovada também uma moção de repúdio sobre os atos difamatórios da blogueiraElisângela Neponuceno, que fez acusações sem provas sobre a comissão organizadora do Congresso.
Ainda será produzida por uma comissão de jornalistas a Carta de Cuiabá que apresentará as ações do congresso e os encaminhamentos para o IV Congresso Estadual dos Jornalistas de Mato Grosso.
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Luana Soutos: (65) 9218-3297;
Caio BOB (65) 8160-6303
Um comentário:
Sugiro que os próximos congressos e encontros sejam divulgados com antecedência dentro das redações, sejam de que veículo forem. Nós, jornalistas, da TV Rondon (SBT) não tivemos a oportunidade de conhecer as propostas, pois sequer fomos avisados do congresso. Colem cartazes nas redações; liguem para seus associados, comuniquem-se no mais amplo sentido que esta palavra puder ter. Afinal, somos profissionais da comunicação.
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