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29 de set. de 2011

ARTIGO: Ser jornalista

Por Martha Baptista*

Hoje estive pensando: o que faz de uma pessoa jornalista? Antigamente, bem antigamente, que eu saiba, era o fato de trabalhar num jornal ou em algum tipo de publicação que cumpria a função de transmitir notícias e/ou ideias de forma periódica.

Quando dei aulas de História da Imprensa no Brasil no curso de Comunicação Social na UFMT, descobri jornalistas incríveis que, num passado não muito distante, publicavam seus próprios "jornais" na marra e escreviam com suas publicações a história da imprensa nacional. Alguns jornalistas eram escritores famosos e outros se tornaram escritores famosos (como Euclides da Cunha).

No final do século XIX, foram surgindo jornais mais estruturados que, com o tempo, tornaram-se verdadeiras empresas. Persistia a ideia do dono do jornal como alguém que gostava de escrever e cheguei a conhecer  - e trabalhar em jornais - com esse perfil: O Globo de  Roberto Marinho, Ultima Hora de Samuel Wainer e Tribuna da Imprensa de Hélio Fernandes.

Nessa época (anos 70 e 80) já eram grandes os embates entre empregados e patrões, mesmo que eles gostassem de ser chamados de companheiros. O jornalismo perdia aos poucos o romantismo dos primeiros tempos e os jornalistas, aqueles que eram assalariados, lutavam por uma carga horária mais justa, pagamento de horas extras e outros direitos trabalhistas, embora enfrentassem uma realidade em que vigorava a máxima de que jornalista que se preza tem hora para chegar, mas não tem hora para sair.

Passei praticamente 12 anos afastada do jornalismo (devido a uma mudança de Estado e estilo de vida). Muita coisa mudou nesse meio tempo. As condições de trabalho nas redações pioraram muito em vários aspectos e hoje quase todo mundo sonha com uma assessoria para se sustentar.

Com o advento da internet, ficou mais "fácil" fazer jornalismo e o fim da exigência do diploma (definida pelo STF) desvalorizou ainda mais essa profissão em termos financeiros. Entramos na era do ctrl c/ctrl v.

Hoje, há inúmeros sites, blogs (como este), revistas e o jornal impresso luta para sobreviver e pela atenção de leitores e patrocinadores. Acaba, na maioria dos casos, principalmente, nas cidades de menor porte, na dependência absoluta do poder público, com tudo que isso implica.

Não é minha proposta aqui fazer um artigo sobre o tema. Diga-se, de passagem, que pretendo fazê-lo. Na verdade, só dei tratos às bolas para uma pergunta que me acossou pela manhã: o que define um jornalista?
É o fato de dominar técnicas para transmitir bem uma notícia e contextualizar os acontecimentos? É o fato de trabalhar efetivamente (e depender disso para viver) na redação de uma empresa jornalística? É o fato de publicar artigos, crönicas rotineiramente em  jornais, revistas e sites?

Não pretendo dar uma resposta definitiva a essa pergunta agora, mas vou continuar pensando sobre o assunto.

Sou jornalista. Trabalho como jornalista num jornal diário, numa revista semestral e numa editora, onde atuo como jornalista (fazendo assessoria) e também como escritora. Também faço um bico como jornalista para uma sociedade médica (editando seu boletim). Gosto da minha profissáo, mas ando tão em crise com ela...

* Martha Baptista é jornalista em Cuiabá

Um comentário:

Altair Nery disse...

Legal a sua reflexão, e oportuna, por assim dizer... Trabalho há 20 anos "fazendo" jornalismo (rádio, TV, jornal e site) no interior do estado (Sinop e Alta Floresta e hoje estou na capital) e sempre torci (participei até de campanhas) para que o Poder Público pudesse dar condições de implantação de cursos de jornalismo para preparar a juventude para esta profissão. Eu não tive a chance de estudar jornalismo, mas hoje, depois de muitos longos anos sonhando em fazer uma faculdade na área, vejo com orgulho que Alta Floresta passará a ter um curso após uma gloriosa luta de colegas de trabalho, que julgo, teriam que ler este teu artigo para quem sabe ajudar a encontrar esta resposta.

PS: Formei-me em Educação Física (nunca atuei) em 2005 e atualmente estou no 6º semestre de Direito na UNIC. Escolhi Direito por vocação, mas nunca perdi meu "Tsão" pelo jornalismo e (compromisso) nunca vou deixar de sentir, pois o jornalismo é apaixonante...

Altair Nery.