O Sindicato
dos Jornalistas de Mato Grosso (Sindjor-MT) vem a público demonstrar sua
preocupação com as cada vez mais frequentes intervenções do Poder
Judiciário para impedir a divulgação de notícias sobre alguns
casos. Repudiamos tais atitudes quando atentam contra
a liberdade de imprensa e a construção da democracia.
Esta semana aconteceu
mais um caso desses. Uma mulher da alta sociedade denunciou o marido, que é
empresário, à Polícia Civil, pois, segundo ela, ele não aceitou o fim do
relacionamento. Por causa disso, se achou no direito de persegui-la e fazer ameaças.
A Justiça proibiu que o site Midianews divulgue notícia sobre isso, alegando
que o casal tem um filho pequeno e deve ser resguardado.
Entendemos
que a questão divulgada pelo site tem, de fato, relevância social, pois se trata
da rotineira violência contra a mulher, fato que, infelizmente, acompanhamos
todos os dias. Não tem sido raro encontrar casos de homens que se consideram
donos de suas parceiras reproduzindo um machismo insistente, ainda que estejamos
em pleno século 21. É um caso grave.
Esses casos
são costumeiramente narrados na imprensa de modo geral envolvendo famílias da
classe média ou de baixa renda, mas, infelizmente, quase sempre, quando os
agressores já chegaram às vias de fato, seja agredindo fisicamente ou até mesmo
assassinando as ex-parceiras. Observamos, aqui, que no caso referido acima,
chama a atenção a proporção tomada desta vez, já que os envolvidos são nomes de
alto poder aquisitivo.
De qualquer
maneira, enquanto categoria profissional, sugerimos uma reflexão a cerca da
abordagem de determinados temas pela imprensa. Sabemos que os problemas de
violência contra a mulher são recorrentes e graves, mas o trabalho jornalístico
é diferenciado, exatamente, pela maneira como as questões são tratadas. A
superexposição de pessoas baseadas em acusações ainda não provadas deve ser evitada,
pois não são questões tão simples. Aliás, lidar com vidas em sociedade não é
nada simples.
Por isso,
ressaltamos que casos desse tipo, que expõem nomes conhecidos ou não, devem ser
tratados com muito cuidado para evitar o sensacionalismo, porque, seja de que
classe social for, o que deve estar no centro da notícia é a prática da
violência contra a mulher, uma chaga social que tem se mostrado difícil de curar. Assim,
evitaremos também possíveis intervenções judiciais sobre o trabalho da
imprensa, que deve ser livre, crítica e responsável.
SINDJOR-MT
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