O mês de junho começou com um desrespeito ao jornalismo mato-grossense e à cidadania. A jornalista Ana Sampaio foi agredida verbalmente pelo policial militar identificado como cabo Júlio, quando questionou a abordagem violenta contra um rapaz em uma moto, e foi detida sob a acusação de atrapalhar o trabalho da polícia. Uma sindicância foi instaurada pela Polícia Militar para averiguar a atitude do referido policial.
Na ocasião, a jornalista questionou ao referido policial o motivo de estar detendo violentamente o motociclista e, segundo ela, em resposta lhe foi perguntado o interesse dela: o que era para ser encarado como uma atitude cidadã, ao tentar defender um estranho em situação de agressão física, foi interpretado por desrespeito ao trabalho da polícia.
Em resposta, Ana Sampaio se apresentou como jornalista. A partir de então, não lhe foi ferido apenas o direito de questionar a atitude do ente público, mas também lhe foi impedida a liberdade de imprensa, considerando que se interessou em noticiar sobre o fato e foi detida em seguida.
Sampaio declarou ter recebido, na viatura policial, uma série de xingamentos, acusações e ameaças de que a jornalista seria exposta junto aos seus colegas da imprensa. A jornalista informou que foi lavrado pelo policial um Boletim de Ocorrência com relatos que não aconteceram, para dar maior peso negativamente a ela. O policial que a prendeu ainda fotografou a jornalista ao lado do motociclista detido e distribuiu a foto para seus contatos de mídias sociais, inclusive para alguns veículos de comunicação.
Após se sentir exposta, agredida verbalmente, temerosa pelos encaminhamentos em função das ameaças do policial, Ana foi liberada, assim como o rapaz detido.
Paralelamente a isso, o jornalismo mato-grossense assistiu a outro atentado contra a profissão e contra a ética: o veículo Repórter MT divulgou uma nota sensacionalista expondo a jornalista em questão, mesmo sem citar o nome dela. A nota tomava como fatos todas as acusações divulgadas pelo policial, sem apurá-los, nem escutar "o outro lado". Diante da comoção da categoria, o veículo elaborou nova matéria, narrando a versão da jornalista Ana Sampaio.
A Diretoria do Sindicato dos Jornalistas de Mato Grosso (Sindjor-MT) vem a público repudiar a atitude do referido policial e defender que todo cidadão tenha o direito de questionar quaisquer entes públicos e ser respeitado ao receber a resposta.
Repudia, ainda, que o exercício do jornalismo seja encarado como afronta e defende a liberdade de imprensa, com responsabilidade.
Mais além, repudia a abordagem violenta de qualquer cidadão - seja ele suspeito de cometer crimes, seja ele combatendo a violência e independentemente da profissão que exerce - por parte de servidores públicos encarregados de proteger a população.
Repudia, por fim, a produção, por parte da Imprensa, de materiais jornalísticos sem apuração e sem a preocupação ao expor a pessoa humana, podendo causar danos materiais e morais. O Sindjor/MT exige que o jornalismo seja exercido com ética, respeito e compromisso.
Diretoria do Sindjor/MT
Nenhum comentário:
Postar um comentário