O Sindicato dos Jornalistas de Mato Grosso (Sindjor-MT) encerrou o processo de negociação com os patrões das comunicações dentro da campanha salarial 2008. Foram seis meses de tentativa de acordo. Apesar das partes terem acordado em 21 cláusulas, não houve entendimento no primeiro ponto da pauta de reivindicações, que trata do piso. "Vamos à dissídio", informa a presidente do Sindjor-MT, Keka Werneck. "Melhor assim, apesar da justiça nem sempre ser justa com o trabalhador e de, por isso mesmo, corrermos riscos de não sermos contemplados".
A categoria, que tem o mesmo salário base há 10 anos, de R$ 1.050, iniciou a campanha, no dia 16 de janeiro, pedindo um piso único de R$ 2,1 mil, levando em conta principalmente o INPC e as perdas acumuladas em uma década. Os patrões não concordam em pagar isso. Propuseram, inicialmente, R$ 900 para o interior e R$ 1.200, capital, embora já não pratiquem esses valores.
O Sindicato flexibilizou várias vezes, até chegar ao valor limite de R$ 1.250. Ao final do processo, o empresariado chegou a oferecer, informalmente, R$ 1.100 interior e R$ 1.300 capital, atrelando, no entanto, a oferta à necessidade de ser incluída no acordo coletivo cláusula indicando que é tarefa do jornalista dirigir carro de reportagem. A diretoria do Sindicato, avalizada por Assembléia Geral, rechaçou veementemente essa possibilidade. E insiste em lutar por piso único. "A força de trabalho do jornalista é igual, na capital, no interior", reforça a presidente.
Outra flexibilização feita pelo sindicato na tentativa de garantir o acordo foi a implantação do banco de horas, proposta dos patrões. "Na verdade sabemos que jornalistas dificilmente recebem hora-extra e isso garantiria ao menos a negociação por mais folgas ou dias de férias, porém vinculamos isso ao fechamento do acordo, como não ocorreu, o item não vale", comentou a secretária geral em exercício, Alcione dos Anjos.
O advogado do Sindicato, Francisco Faid, já prepara o processo, levando em conta as reais perdas da categoria. "Quando não há condições de acordo, são dois os caminhos a serem tomados: greve ou dissídio", destaca Faiad. "Espero que o Judiciário faça justiça".
A tesoureira em exercício do Sindjor, Márcia Raquel, lembrou que há 10 anos o piso de R$ 1,050,00 era o equivalente a oito salários mínimos e hoje, esse mesmo valor, representa pouco mais de dois salários mínimos. "Entre as categorias que possuem nível superior estamos realmente na periferia quando se trata de piso salarial", destacou. A data base dos jornalistas é 1º de maio.
O Sindicato vai acionar os grupos Centro América, Diário de Cuiabá, Gazeta e Jornal Folha do Estado.Em rodada de negociação, o diretor da TV Centro América, Zilmar Melate, chegou a afirmar que se jornalistas dirigirem carros de reportagem terão que arcar com o ônus disso: multas, risco de vida.
Sobre o banco de horas, proposta feita pelas empresas, o Sindicato também flexibilizou. Mas ainda assim não houve acordo.
A procuradora do Trabalho, Eliney Bezerra, que mediou as rodadas de negociação no Ministério Público do Trabalho (MPT), tentou exaustivamente expôr aos dois lados caminhos para um acordo. Mas não foi possível. Segundo ela disse, na última audiência, é muito provável que, no dissídio, o juiz leve em conta o INPC. Nesse caso, há chances do piso dos jornalistas em Mato Grosso chegar a R$ 1,3 mil.
No próximo sábado, haverá uma reunião às 14 horas no Sindicato, para tratar da finalização da campanha salarial.
Nenhum comentário:
Postar um comentário