Por LAURA LUCENA *
Sou usuária do transporte coletivo. Tenho o saudável hábito – para o meu bolso, a minha saúde e a do planeta – de deixar o carro na garagem e enfrentar a espera pelo coletivo no ponto de ônibus. Assim, vejo a cidade do ponto de vista do usuário, do pedestre, pois – penso eu - quem caminha conhece detalhes de onde mora.
Confesso que, para quem é usuário do transporte coletivo urbano da Grande Cuiabá desde 1976, até que hoje em dia o desconforto do serviço é um ‘luxo’ perto do que a Nova Era, empresa que monopolizava o setor naquela década, oferecia para a população. Mas esse é um assunto para um outro artigo. Hoje trafegamos em muitos ônibus mais limpos e modernos. Alguns até contam com aparelhos de ar condicionado que, nos dias muito quentes, tornam esse tipo de coletivo proibitivo, principalmente para quem sofre de problemas respiratórios como eu.
Sou usuária do transporte coletivo. Tenho o saudável hábito – para o meu bolso, a minha saúde e a do planeta – de deixar o carro na garagem e enfrentar a espera pelo coletivo no ponto de ônibus. Assim, vejo a cidade do ponto de vista do usuário, do pedestre, pois – penso eu - quem caminha conhece detalhes de onde mora.
Confesso que, para quem é usuário do transporte coletivo urbano da Grande Cuiabá desde 1976, até que hoje em dia o desconforto do serviço é um ‘luxo’ perto do que a Nova Era, empresa que monopolizava o setor naquela década, oferecia para a população. Mas esse é um assunto para um outro artigo. Hoje trafegamos em muitos ônibus mais limpos e modernos. Alguns até contam com aparelhos de ar condicionado que, nos dias muito quentes, tornam esse tipo de coletivo proibitivo, principalmente para quem sofre de problemas respiratórios como eu.
Os motoristas e cobradores – com raríssimas exceções – estão mais educados. Parecem que, finalmente, começaram a entender que somos nós que pagamos os salários deles. E, com o advento do cartão transporte, pagamos adiantado, diga-se de passagem. Mas, como nem tudo são flores no setor, as deficiências no sistema são muitas, não nos cabendo aqui citar todas. Dentre elas, a inacessibilidade para cadeirantes continua e hoje é até mais cruel do que antes. E não me venham dizer que os ônibus hoje, cumprindo as cotas determinadas na questão da renovação da frota, são dotados de instrumentos que permitem ao cadeirante ter acesso ao interior do coletivo, praticamente sem ajuda de ninguém.
É MENTIRA!
E duvido que possa encontrar por aqui um cadeirante com disposição a declarar tal facilidade por conta dos modernos equipamentos que alguns ônibus possuem. Ninguém, a não ser que esteja sendo patrocinado pela politicagem que fervilha em campanhas eleitorais, fará isso.
Simplesmente porque, tal acessibilidade existe só nos acordos de gabinete. É onde todos ficam satisfeitos em dotarem um número X de coletivos de equipamentos que facilitem o acesso aos portadores de necessidades especiais, numa espécie de ‘cala a boca porque estamos fazendo de tudo para sermos politicamente corretos e dentro da lei”. O efeito prático disso pude presenciar numa tarde quente cuiabana.
Confortavelmente sentada próxima à porta de saída do coletivo, vi um cadeirante ficando rouco de tanto gritar para o cobrador movimentar o equipamento que o permitira ter acesso ao interior do coletivo. O cobrador só percebeu o cadeirante quando eu o interpelei: ‘Moço, esse equipamento funciona ou não funciona? Tem um moço aí querendo usar essa geringonça’. Só então ele apressadamente desceu a escada, que ficou bem abaixo do meio fio, do qual se distanciava uns 15 cm, para desespero do cadeirante, que implorou para o motorista manobrar de forma a que ele pudesse entrar no ônibus. O motorista, doido para cumprir com o horário, na pressa do trânsito, não deu a menor bola para o cadeirante, que esbravejou e terminou sendo auxiliado por dois usuários que o colocaram na plataforma. Daí em diante, tudo funcionou, até que o cadeirante percebesse ter entrado no coletivo errado e pedir para descer. E mais uma vez a escada ficou longe do meio fio o suficiente para que o cadeirante não pudesse descer com dignidade, sem a ajuda de ninguém, como prometem as publicidades enganosas que o sistema faz sobre o assunto! E não pude deixar de ficar indignada, mais uma vez, com essa demagogia que destrói a cidadania fingindo que, na verdade, está valorizando o cidadão excluído. E você?
* Laura Lucena é jornalista em Cuiabá
2 comentários:
isso é realmente horrível. E o pior: há muitas pessoas que usam o transporte coletivo que reclamam porque o cadeirante precisa de ajuda, ou porque o ônibus demora pra se manobrar até o meio fio, até abaixar a "rampa" e até ajudar o cadeirante... as pessoas de cadeira de rodas se sentem humilhadas, é realmente triste.
Falta um pouco mais de respeito de toda a população (políticos ou não).
O que também é visto que ainda há pouca quantidade de transporte coletivo, então não vejo que facilitou a acessibilidade, pois os cadeirantes tem de sair de suas próprias casa na hora marcada da saída do ônibus...
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