Por Dafne Spolti, estudante de jornalismo da UFMT
Não estou nada feliz e nem satisfeita. Pela primeira vez teremos uma Conferência Nacional de Comunicação. Quem sabe disso? E mais: quem se importa?
Nem vou tentar responder, apenas explicar....
Bom, primeiro, precisamos deixar claro que a comunicação no Brasil não é democrática e que isso impede a democracia geral do país, pois não há democracia verdadeira sem informação plural. Todos os veículos são atrelados politicamente, todo mundo sabe. Mas como se não bastasse isso, alguns assumem a frente da programação televisiva. Eles utilizam uma emissora de TV, que transmite suas programações por meio de uma CONCESSÃO PÚBLICA, para fazer propaganda política o ano inteiro, doando camisetas de futebol, tijolos e outras “coisinhas”. Além disso, também choram. Fazem um teatro (no sentido bem ruim da coisa). Muitas pessoas acreditam que esses políticos são bonzinhos etc etc. Mas mesmo entre as pessoas mais simples há quem perceba que isso é ruim. Que bom!
Este é apenas UM exemplo do que acontece de errado por aí. Por sinal, um caso complicado principalmente aqui no Mato Grosso. Então, muitas outras questões também devem ser discutidas e regulamentadas: convergência tecnológica, concessões públicas, programação e tudo o mais. Por aí passam as questões como gênero e raça, publicidade infantil, programação educativa e cultural... Nossa, é muita coisa! E não adianta falar que se está impedindo a liberdade de imprensa com regulamentações. Isso é conversa pra boi dormir. Uma comunicação com regras garante que cada coisa seja dita no espaço apropriado. E uma mídia plural é muito mais livre.
Buscando as melhorias desse setor que está ligado a todos os outros, diversos movimentos sociais reivindicavam que fosse realizada uma Conferência Nacional de Comunicação. Dia 17 de abril, foi publicada a convocação pelo presidente da República. Três dias depois a portaria de nomeação da Comissão Organizadora. Mais insatisfações: Os movimentos sociais estão mal representados na referida comissão. São 10 membros para o poder público e 16 para a sociedade civil. Dentre esses 16, oito estão destinados para o setor empresarial e oito para a sociedade civil não empresarial. Mas extra-oficialmente sabe-se que parte dessa sociedade civil não empresarial prefere caminhar com os outros oito. Ou seja, não defendem o povo e a democratização dos meios.
É por causa dessas questões que nós todos, comunicadores, estudantes, trabalhadores, desempregados, donas de casa, carpinteiros, donos de boteco, caixa de supermercado, TODO MUNDO, precisamos nos envolver na luta pela democratização. Falar disso, fazer manifestações públicas, barulho para que vejam: NÓS PENSAMOS E QUEREMOS SER OUVIDOS!
Mas o que fazer de maneira prática?
Paralelamente à Comissão Organizadora nomeada pela presidência da república, e desde bem antes da sua existência, funciona a Comissão Nacional Pró-Conferência (CNPC), que reúne 33 entidades como o Coletivo Intervozes, o Fórum Nacional de Democratização da Comunicação, o Conselho Federal de Psicologia, entre outras. Em quase todos os estados existem também as comissões estaduais pró-conferência. Esses grupos representam a nós, da sociedade civil, dizendo para o governo o que queremos. Aqui no Mato Grosso, essas discussões são feitas pelo Fórum Estadual de Democratização da Comunicação, que agora integra a Comissão Estadual Pró-Conferência e do qual fazem parte mais ativamente o MST, o Cacos-UFMT, a Enecos, o DCE-UFMT, o Sindjor, o Sintep, e o CRP. Para as discussões caminharem bem, então, é importante que os membros da sociedade, os indivíduos que acreditarem na importância dessa luta, se reúnam em movimentos sociais e participem da Comissão Pró-Conferência. Se não participar através de uma entidade, que vá então como cidadão e faça suas defesas, coloque suas idéias.
Espero que você tenha se interessado um pouco por essa luta e até queira participar de uma reunião. Podemos te chamar já para a próxima. Mande-nos um e-mail em forumdemocratizacaomt@gmail.com, dizendo o que você pensa e nos passando seus contatos. Valeu e até!
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