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NOVO PISO: Jornalistas e patrões firmam acordo coletivo de 2017

Da assessoria Após seis rodadas de negociação, mediadas pela Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de Mato Grosso, o Sindic...

2 de ago. de 2009

ENTREVISTAS EM SÉRIE - Jornalistas de MT

Na intenção de contribuir para que possamos perceber melhor os nossos colegas de
profissão, o que eles pensam, o que eles defendem, o que acreditam ser mais
importante para a nação e o mundo e para si mesmos, dou início, com o Enock
Cavalcanti, a uma série de entrevistas que pretendo fazer nesse sentido.

A série de entrevistas - "Jornalistas de Mato Grosso" - pode servir
apenas para a
gente se conhecer melhor. Se for assim, já é um ganho.

Pode apontar como
estamos de pensadores do jornalismo e no jornalismo.

Pode virar notícia, pautar
a mídia hegemônica e contra-hegemônica.
Polemizar.

Pode apenas alimentar
curiosidades.

Pode ser uma inutilidade, já
que sempre muitos ignoraram qualquer
coisa. Vivem a alienação em sua
plenitude.

Todo jornalista, porém, tem ou
deveria ter o que dizer e é certo
que todos nós temos uma história para contar,
uma ou mais.

Começando por, "meus amigos, meus inimigos", como ele mesmo diria:
Enock Cavalvanti...

Keka Werneck é jornalista em Mato Grosso

Enock Cavalcanti

'Alguém pode dizer que acabei sendo mais militante que repórter. E talvez tenha razão', diz Enock

Por Keka Werneck

Nome.
Enock Cavalcanti da Silva
Idade.
56 anos
Local de nascimento.
Nova Iguaçu, Rio de Janeiro
Há quanto tempo vive em Cuiabá?
Desde 1988.
Veio para cá por que?
Cansei das metrópoles, fugi da violência do Grande Rio
Formação acadêmica.
Direito, na UFMT.
Há quanto tempo é jornalista?
Desde 1972, se bem me lembro.
Quanto tempo de PT?
Desde antes da existência do PT, me filiei ao Movimento pelo Partido dos Trabalhadores, em 1978, se bem me lembro.
Estado civil.
Solteiro
Filhos?
Uma filha, Silvana.
Se eu dissesse para você voltar a sua infância, qual a primeira memória que lhe vem à mente?
Tranqüilidade. Cresci numa família de muitos irmãos, muitos vizinhos, muitos amigos, numa cidade então tranqüila, que era Nova Iguaçu, Rio de Janeiro, na década de 50, século passado. Antes de se multiplicar em loteamentos, haviam os laranjais, havia os rios de águas límpidas, havia os campos de futebol. Com o progresso, vieram outros tipos de confortos e perdemos estes que eram, basicamente, os confortos de uma convivência menos conflitiva. Hoje a convivência é mais complicada, a solidão se tornou uma grande problema social, notadamente para as crianças, sob a ameaça da violência urbana. Quando entro hoje num shopping e vejo aquela criançada toda lá, encurralada, fico triste porque ali no shopping não é um espaço familiar, é um espaço sob a égide do consumo. Não digo que minha infância foi melhor ou pior que a de ninguém, acho que hoje o desafio de criar uma criança é muito maior. Há menos doenças mas há menos tranqüilidade.
Como você entrou para a militância política, durante a ditadura? Chegou a ser clandestino?
Meu irmão mais velho, o Heraldo, me apresentou aos livros. Com os livros, veio a revelação da possibilidades e das angustias da convivência nesta sociedade humana. Lendo, aprendi a escrever razoavelmente, me informei muito. E sempre fui aluno muito aplicado, apesar de sentar sempre no fundão. Daí cheguei às redações dos jornais, onde estou até hoje. Muito cedo, vi que jornais são empresas e que não publicam tudo que a gente quer divulgar. Comecei muito cedo a produzir, com amigos, um jornal semanal, pequenino, voltado à cobertura das lutas sindicais e populares em Nova Iguaçu. Era o “Berro da Baixada”, um jornal alternativo, financiado pelos jornalistas, como eu, que o escreviam. A equipe do Berro acabou sendo contatada por grupos estudantis do Rio que participavam da articulação de um partido socialista no Brasil. Surgia o PT e eu fui escalado para disputar uma vaga de deputado estadual, por Nova Iguaçu, na primeira campanha. Ah, houve também uma prisão, quando fui levado para S. Paulo, quando ainda era estudante, sob a suspeita de que participava de assaltos a bancos. Foi uma semana só, felizmente me soltaram logo. Muitos foram presos, mesmo por engano, como eu, e acabaram morrendo. No tempo da ditadura, até reuniões de associações de bairro aconteciam na clandestinidade. Foram anos de violência inusitada.
E o jornalismo, como escolheu essa profissão?
Da literatura passei para o jornalismo, porque eu precisava me comunicar logo, a ditadura criou-me esta angústia. Inclusive abandonei o desejo de me formar jornalista numa faculdade quando vi que não precisava disso: em pouco tempo eu já estava escrevendo manchetes nos jornais de Nova Iguaçu, quando resolvi realmente procurar um espaço nos jornais. Mas fico sempre com aquela impressão de que, na imprensa, a gente nunca aprofunda nada, nunca apura tudo que tem que ser apurado. Eu gostaria de ter feito alguma coisas como o Truman Capote, naquele seu livro “A Sangue Frio”. Aquilo me parece soberbo. Mas, ao mesmo tempo, sou meio preguiçoso. Nos meus 20 anos, misturava muito jornalismo com boemia, com viradas de noite, com assessoramente de artistas como Gonzaguina, Novos Baianos, Nelson Pereira dos Santos. Eu sempre quis fazer muitas coisas ao mesmo tempo. Se havia um projeto jornalístico em minha vida, consegui traçar só um rascunho. Alguém pode dizer que acabei sendo mais militante que repórter. E talvez tenha razão.
Mas fico sempre com aquela impressão de que, na
imprensa, a
gente nunca aprofunda nada, nunca apura tudo que tem que ser
apurado.

Você é tido como um jornalista polêmico, que incomoda e se excede eventualmente. Algo a declarar sobre isso? Você reconhece os limites da imprensa ao tratar da vida alheia?

Discordo de quem diz que cometo excessos. Discordo de quem diz que sou polêmico. Acho que sou até muito complacente. Tem hora em que me sinto preguiçoso, fico achando que devia fazer mais e ter feito mais. Mas não tenho mais 20 anos. Tem horas em que penso em parar, voltar para meus livros. Gosto muito da quietude de minha casa.
Sua relação com a senadora Serys Slhessarenko tem sido posta a prova. Fala-se em bastidores que você sabe demais. O que tem nessa relação que é direito do público saber e seu dever revelar?
Gosto muito da Serys, eu fiz muitas críticas a ela, como secretária de Educação, como editor do Jornal do Dia, meu primeiro emprego em Cuiabá. Um dia ela me procurou para participar, com ela, do seu mandato de deputada estadual – e a experiência foi muito gratificante. Acho que Serys, em Mato Grosso, essa sociedade tão machista, é um fenômeno.Alguém deveria, sim, contar a história dela com todas as suas superações. Será que todo mundo sabe que, quando criança, Serys ficou anos pregada numa cama, devido ao sério desvio que havia em sua coluna? A vitória de Serys sobre Dante, na disputa ao Senado, foi qualquer coisa de maravilhosa. Tem gente que faz beicinho: “mas ela viajou no avião do Riva”. Porra, Serys havia se transformado num símbolo da resistência contra todo aquele esquemão montado pelo Dante, e todos convergiram para ela, não houve como resistir, vieram os bons e os pecadores – e a derrota do Dante aconteceu, surgiu a Turma da Botina, surgiu o Maggi, uma contradição gerou muitas outras contradições. Acho que Dante acabou morrendo de desgosto, porque esta derrota marcou a vida dele, coitado. Dante foi um homem que destruiu a si mesmo, em minha modesta opinião. Tinha tudo para marcar a história, positivamente, e acabou jogando tudo no lixo, com as relações perigosas que o Julier e o Pedro Taques acabaram apontando, de sua estrutura de poder, com a estrutura de poder do crime organizado em Mato Grosso. Tanto que ele foi afastado do palanque da primeira campanha do Wilson Santos, porque pairava sobre ele um enorme desgaste. Não houve, ainda, competência da Universidade, do nosso jornalismo, para documentar convenientemente esta história – e nesta história, o papel da Serys, do mandato da Serys na Assembléia, ao qual dei minha modesta contribuição, foi fundamental. Um dia propus ao Lucky de Oliveira estruturarmos um livro que documentasse, convenientemente, a trajetória da Serys. Foi um projeto que, infelizmente, ficou na gaveta. Agora, essa sugestão na sua pergunta de que há coisas a revelar sobre Serys, “você sabe demais”, etc, isso me parece uma sacanagem, se é que percebi direito. Serys sempre foi um livro aberto e se cometeu um erro, por exemplo, foi não levar à Justiça aqueles que a atacara indevidamente no episódio dos sanguessugas, expondo seu nome e sua honra diante da nação. Passado o furacão, a Serys preferiu não mexer nessa merda toda, o que me pareceu um equívoco.

É papel do jornalista assessora de imprensa esconder fatos?
Nunca. Aliás, eu nunca me senti um assessor de imprensa da Serys, por exemplo. Posso ter cometido um engano, mas sempre procurei ser um militante do PT auxiliando outra militante do PT a exercer, da melhor forma possível, o mandato recebido da população. Entendo que esse deve ser o entendimento a presidir a formação do quadro de assessoria de qualquer partido político conseqüente. Mas essa é a minha cabeça. Esse é o entendimento que deixo para a História. Também falhei em expor, de uma forma melhor sistematizada, este meu entendimento. Para você perceber: já cheguei a defender a posição de não deveria existir Secretaria de Comunicação em governos do PT, pelo este modelo tradicional que fica produzindo releases e tal. Defendo a transparência total dos órgãos públicos. Acho que a TV Senado, a TV Câmara e a TV Justiça representaram um avanço fenomenal na transparência dos poderes e que se deveria criar também uma TV Executivo para transmitir, ao vivo, todas as audiências do presidente da República, do governador, do prefeito. Acho que negócios públicos deveriam sempre ser negociados diante do público, sem qualquer intermediação. Reduzir ao máximo os encontros segretos. Como avanço tecnológico isto hoje é possível e não sai tão caro, ter uma TV Câmara Municipal, uma TV prefeitura, uma Governo do Estado, etc, etc. Devemos fazer isso o mais amplamente possível e assim se reduziriam, no meu modesto entendimento, os espaços para conchavos, para a corrupção, e também a necessidades de tantas estruturas de assessoramento jornalístico para as repartições públicas. Talvez diminuísse até a necessidade de tantos jornais, com colunas de bastidores e fofocas políticas. Gostaria de debater mais este assunto.
Negócios públicos deveriam sempre ser negociados diante do
público, sem qualquer intermediação.

Qual o papel do jornalista de modo geral? E da imprensa?


Conseguir o máximo de informações sobre determinado fato e colocar estas informações à disposição do público para que o público, melhor informado, possa melhor se posicionar diante da realidade em seu derredor. Mas veja só: também acho que o jornalista pode ser um cara que defenda seus pontos de vista, de forma apaixonada. Importante é que vivemos todos nós numa democracia, a visão deste jornalista apaixonado pode ser, então, confrontada com a visão de outro jornalista apaixonado para que se chegue à visão mais ampla possível. Então, o processo democrático é vital por causa disso: ele corrige o erro das pessoas. Se você lê o Diogo Mainardi e acha ele uma besta, vai lá é tem o Paulo Henrique Amorim, o Luis Nassif e tantos outros para dizerem que o Mainardi é uma besta. Mas a existência do Mainardi, dentro de um processo democrático, é tão importante quanto a existência dos seus opositores. Então, o papel do jornalista é viver e divulgar a sua visão de mundo, trabalhando para que a Democracia impere sempre entre nós e possamos ter a multiplicidade da informação como valor fundamental. Acredito que este entendimento será definitivamente consolidado numa sociedade socialista, onde a informação deixe de ser mera mercadoria e passe a ser vista como um direito fundamental das pessoas.

Você defende o diploma para o exercício do jornalismo?
Defendo a importância do curso de Jornalismo, que deve ter um continuado aperfeiçoamento. O diploma pode ser uma forma de organizar o mercado de trabalho nas empresas jornalísticas mas a verdade é que, com o advento dos blogues, da revolução da Internet, este tipo de controle deixou de ser uma possibilidade porque hoje cada blogueiro também é um jornalista, são novas formas de comunicação que se multiplicam e o jornalista diplomado será apenas um dos atores neste admirável mundo novo que está se formando.
O papel do jornalista é viver e divulgar a sua visão de
mundo, trabalhando para que a Democracia impere sempre entre nós e possamos ter
a multiplicidade da informação como valor fundamental.


Por que militar contra a corrupção? As outras lutas - por saúde, educação, liberdade de imprensa, etc - não levam ao fim da corrupção por consequência?
Não existem regras. Entendo que lutar contra a corrupção é lutar por mais saúde, uma educação melhor, etc e tal, preservando o dinheiro público para todos estes gastos. É por isso que, além de jornalista, advogado, sou também militante, em Cuiabá, do Movimento pela Moralidade Pública e Cidadania, o Moral, contribuindo também com o Movimento Contra a Corrupção Eleitoral – o MCCE. Entendo que importante mesmo é militar, procurar agir sobre a realidade em derredor, inspirados por aquela máxima marxista: “O homem é produto do meio mas é também produtor do seu meio social caso se disponha a isso.” A militância é uma faceta da liberdade que cada individuo deve ter de fazer de sua vida o que bem entender. Eu sou pela liberdade das pessoas. Liberdade para as mulheres abortarem, porque o corpo é delas e elas é que devem decidir o que fazer deste corpo. Liberdade para o consumo de drogas, liberdade para votar ou não votar, e assim por diante. Claro que quem entende que aborto é crime, que fumar maconha é um primeiro passo para a morte, também deve ter a liberdade de defender as suas idéias. Seria bom se, no seu ambiente privado, as pessoas não se sentissem humilhadas por causa de determinadas opções que assumem. Fazer um cara se angustiar só porque ele gosta de dar a bunda, por exemplo, me parece o fim da picada. A bunda é dele porra.

Quais são os maiores corruptos de Mato Grosso?
Acho que não existe um ranking. O que existe é uma certa lassidão da sociedade que não reaje diante dos corruptos como deveria reagir. O caso da Assembléia Legislativa de Mato Grosso fica a cada dia mais escandaloso porque a corrupção está sendo revelada e discutida em todos os espaços públicos, do Brasil e de Mato Grosso, e lá, dentro da nossa Assembléia, impera uma espécie de pacto entre os mafiosos, ninguém é capaz de se rebelar no meio daquele bando de caititus e passar a questionar as irregularidades que, a julgar pelo que apontou o Ministério Público Estadual, são tremendas. Veja que, até mesmo na Câmara de Cuiabá, através do vereador Deucimar Silva, que nunca posou de revolucionário, importantes revelações tem sido feitas. Na Câmara Federal, no Senado, no Tribunal de Justiça, na Defensoria, no INCRA, enfim, por todos os cantos as investigações tem se multiplicado. Por que não se conta nada de dentro da Assembléia? Que estranho e absurdo poder e esse que Riva tem sobre os seus pares?

A grande gargalhada hoje da direita é poder dizer que o PT também é corrupto e não fez a revolução social prometida. O que deu errado?
Certamente que há corrupção no PT porque a corrupção está presente em toda a nossa sociedade. O PT levantou bandeiras importantes e, por causa de seus vacilos, surgiram outros partidos e outros movimentos, como o PDT, o PSB, o PSTU, o PSOL, o MST. Acho que a mensagem fundamental do PT é a importância de construirmos a democracia direta, em que a participação cotidiana das pessoas será sempre fundamental. Esse será a sociedade socialista da qual ainda não temos contornos muito claros mas já está mais do que evidente que essa atual divisão de poderes, entre Legislativo, Judiciário e Executivo, como temos aí há tantos séculos, deixa brechas muito grandes, que precisam ser superadas. Não serão superadas da noite pro dia. É preciso ter calma, continuar militando com muita paciência e acreditando que, em partidos como o PT existem militantes radicais e sinceros. Só que eles não existem só no PT. Esses militantes da transformação estão também em outros partidos e, muitas das vezes, em partido nenhum, atuando como ativistas de causas ecológicas, de associações comunitárias, de grupos de mulheres, de sindicatos, em blogues, na televisão, etc, etc, etc. Nada deu errado no PT. A gente não pode é ter esta pressa pequeno burguesa de achar que tudo tem que acontecer imediatamente. O Brasil, depois do PT, é um país muito melhor. Eu, que vivi sob a ditadura, fico maravilhado com as conquistas e com a liberdade que temos hoje. Me divirto muito com as criticas que se fazem ao Lula e a todos os governantes. A liberdade é muito gostosa só que, além das criticas, temos que ter a competência de fazer a democracia avançar em seus parâmetros.
Há uma crise na democracia representativa, e lutamos tanto pelo voto e pela representação eleita. O que fazer agora?
Continuar lutando. Aperfeiçoar os critérios de escolha de nossos representantes e saber que, mais importante do que ter um representante na política é atuar politicamente de forma direta. A maioria das pessoas, infelizmente, nasce para ser gado, para ser conduzida por outros mais espertos, mas aqueles que se dispõe a agir são cada vez em um maior e isto é que produz o avanço da democracia em nossas sociedades. Então, na escola, no trabalho, no local de moradia, é importante agir. Para usar uma imagem de Jesus Cristo: é importante ser o sal da terra. Quando uma garota reaje ao namorado que a agride, que tolhe seus movimentos por ciúme doentio, ela está contribuindo positivamente com a democracia. A atuação pela democracia não se dá somente através do vereador, do deputado, do presidente da República. É um processo continuo, incessante, que precisa ser cada vez mais fortalecido. Não se iluda: haverá SEMPRE uma crise na democracia porque está é a forma pela qual a democracia vai se aperfeiçoando.

Percebo em você, como articulista, uma coragem em se posicionar e a intenção sempre em ser pessoal, citar nomes. Isso não gera uma personalismo? Qual sua intenção com isso?
A história não acontece no ar. Os atos são feito por atores. A minha intenção de identificar bem os atores é contribuir para que o retrato que faço, cotidianamente, para a História saia o mais nítido possível. Quem não trabalha movido pela mesma intenção é um bocó, está brincando de documentar a realidade de Mato Grosso.

Me desculpe a sinceridade, mas muito precariamente do ponto de vista técnico, gráfico, visual, o blog Página do E vai cavando seu espaço. Por que?
Desculpá-la por exercer o seu direito de opinar?! Dá licença! Não se desmereça, não se comporte como uma tola. A Página do E é precária mesmo, só que tem a força do seu conteúdo, o que me orgulha muito porque este conteúdo nada mais é do que a força das idéias e do posicionamento deste jornalista que sou, o Enock Cavalcanti. As pessoas gostam de quem se posiciona, daí o reconhecimento para gente de opinião como o Onofre Ribeiro, o Alfredo Mota Menezes, a Adriana Vandoni, o Marcos Antonio Moreira, o Gabriel Novis Neves, o Sebastião Carlos, o Eduardo Gomes, o Mario Marques, o Kleber Lima, o Roberto Boaventura, o Eduardo Mahon, o Muvuca, o Louremberg Alves, o Alexandre Aprá, o Bruno Boaventura, o Hélcio Correa Gomes, o Renato Nery, o Licinio Carpinelli, o Onofre Ribeiro – e tantos outros que se expõe em Mato Grosso. São pessoas que contam sempre com meu aplauso e meu reconhecimento.
Agora que fique bem claro: eu sei das limitações da Página do E. Aquilo ali não é jornalismo, é mais opinionismo. Para fazer jornalismo você precisa de muita, muita reportagem e eu não tenho condição de oferecer isso para quem me acessa. Então, vou dando um toques, vou fazendo uns alertas. É só isso que faço: dou o meu grito, esperando que ele ecoe na internet. Se lá no início fiz o Berro da Baixada, agora estou fazendo o Berro de Mato Grosso, na internet. Claro que se eu, de repente, tivesse um credenciamento do Google, do Yahoo, tivesse condições de contratar uma grande equipe, montar um saite com todos os recursos técnicos, a coisa poderia resultar num jornalismo verdadeiramente compromissado com o leitor. Mas, quando vê os critérios de patrocínio em Mato Grosso, percebe que o capital não pensa, prioritariamente, em informar, mas, sim, sempre, em faturar às custas das pessoas. Eu não consigo entender como certos empresários, como o pessoal da Decorliz, da Coca-Cola, da Gabriela, do Big Lar, da Kadri Informática, das revendas de carros, etc, gasta rios de dinheiros em out-doors, promovendo uma poluição visual terrível em Cuiabá, e não priorizam o investimento em jornais e saites. Com estes critérios de patrocínio, não dá pra reclamar que o Riva acabe impondo seus interesses a partir da derrama de publicidade que ele promove sob o selo da Assembléia Legislativa.
A Página do E é precária mesmo, só que tem a força do seu conteúdo, o que me orgulha muito.
É inspirado ainda no Quebra-Torto?
O Quebra-Torto foi uma experiência coletiva. Acho mesmo que o saudoso Antonio de Pádua, no Quebra-Torto, foi mais importante do que eu – embora o Quebra-Torto tenha sido uma idéia minha, desenvolvida com a Marta Arruda dentro do Ilustrado do Diário de Cuiabá. Na fase internet, o Pádua, virando noites, conseguiu, ao lado do Lorenzo Falcão, construir uma experiência de interação mais importante do que a minha, levando mais longe a minha proposta. O Pádua, infelizmente, morreu muito cedo, porque fumava demais, pegou um câncer no pulmão. Choro a sua ausência e sei que sou seu devedor, devedor da sua experiência, da sua disciplina profissional, da sua reverência e do seu companheirismo. Era uma das raras pessoas, da profissão, que freqüentava a intimidade de minha casa, sendo sempre bem vindo. Sinto muita saudade dele e sei que perdi um grande amigo quando ele partiu. Algum destes cursos de Jornalismo que tem por aí deveria honrar a memória do Pádua, sistematizando e catalogando a contribuição imensa que ele deu à liberdade de expressão em Cuiabá, ele que, acima de qualquer coisa, sabia ser tão provocador.
E por fim, você vai denunciar o deputado estadual José Riva (PP) até quando?
Enquanto houver o que se denunciar, é óbvio. E enquanto eu estiver por aqui. E enquanto eu tiver saco. Felizmente, já não faço estas denuncias sozinho. O Eduardo Gomes, se continuar com seus textos sobre o Riva, vai nos informar de muita coisa. E outros saites também tem se mexido. O mais importante, é claro, deve vir da Justiça, na apreciação das denúncias apresentadas pelo Ministério Público contra o tão questionado parlamentar.

2 comentários:

André Alves disse...

Olá, Keka.
Ótima iniciativa e um ótimo primeiro perfil.
Que tal juntarmos as entrevistas e fazermos uma publicação daqui uns meses? Se não houver grana pra imprimir, podemos fazer em PDF, mesmo. Tenho certeza que será de um valor histórico muito grande.

Ley Magalhães disse...

Boooaa Keka. Estas etrevistas prometem. Há grandes pensadores entre nós e por incrível que pareça, alguns bem jovens. Há grandes revelações também.
Espero que realmente essa iniciativa se amplie, como é a sugestão de outros colegas.

Abração.