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1 de dez. de 2009

Coral do Sindjor canta no Presídio Feminino

Detentas e coralistas se emocionam em sábado que tinha tudo para ser mais um dia comum

Muito animados, como sempre, os cantores do Grupo Literomusical “Na Boca do Povo” viveram no último sábado, dia 28, uma forte experiência.

Seria, talvez, uma tarde de sábado qualquer, mas essa foi diferente. No Presídio Feminino Ana Maria do Couto May, localizado na periferia de Cuiabá, o único de Mato Grosso que abriga detentas, cumpriu-se a sentença do mineiro Milton Nascimento. “Todo artista tem de ir aonde o povo está”.

É bem verdade que o grupo é amador, mas já vai completar dois anos de estrada em fevereiro do ano que vem. Isso ainda não é um longo caminho, nem também os primeiros passos.

Desde o início, o projeto, ligado ao Sindicato dos Jornalistas de Mato Grosso (Sindjor-MT), sempre foi de ir, justamente, aonde o povo está: nas redações de jornal, nas ruas, em instituições, hospitais, afinal, apesar deste ser um coral de jornalistas, é também aberto a quem quiser participar.

É por isso que a máxima deste coletivo vocal, regido por Ana Elizabeth, é: “Saia do banheiro e venha cantar com a gente”. E, para completar: “Você não precisa ser um Pavarotti!”

Logo na entrada, os risos - muito comuns nos ensaios, todos os domingos, às 16 horas, na Sala da Orquestra do Centro Cultural da UFMT - foram sendo substituídos, aos poucos, por olhares mais atentos e reflexivos.

O surgimento das grades trouxe, impactante, a realidade das aprisionadas e muitos dos cantores se perguntaram: e lá fora? Somos livres?

Somente uma parte das mais de 300 presas foi para um pátio, onde o coral se apresentou. Entre elas, algumas crianças, mais ou menos 20, de banho tomado, como que prontas para irem a uma festa, corriam entre os bancos, organizados igual em igrejas, para quem fosse ali assistir. Cenário simplório. De dar dó. Mulheres nitidamente de origem humilde, em sua ampla maioria, silenciaram. Se erraram, ali não era hora para julgamentos, mas sim de desanuviar, abrir o peito para a vertigem da arte.

No repertório do coro, uma música se destacou. A emoção tomou conta com “Freedom”, que significa liberdade. Música do cancioneiro popular afro, era entoada por escravos norte-americanos, sempre que um deles sofria a violência do açoite. “A liberdade está chegando, sim, está!”. Afirma a letra! Muitas das presas cantaram junto com o coro, e fizeram batuques corporais, que compõem a música, no final.

Liberdade: um sonho para muitas ali; na verdade, um sonho humano!

No adeus às detentas, alguns dos cantores e cantoras se emocionaram ou seguraram o choro.

A apresentação no presídio foi uma prévia do que o público irá conferir, no dia 9 de dezembro, no bar Chorinho.

“Na Boca do Povo” segue rumo à 2010, um projeto que está germinando.

2 comentários:

Alcione disse...

Parabéns as/aos coralistas do grupo Na boca do Povo.
Como sabem sou uma chorona... Tenho certeza que se estivesse lá, não seguraria as lágrimas...
Muito lindo ese trabalho

Anônimo disse...

Mais que parabéns, o Coral marcou um gol de placa em se apresentar no Ana Maria do Couto compartilhando e chegando mais próximo de quem também precisa de um pouco de atenção,por alguns minutos que seja. As "meninas" do presídio devem ter ficado bastante alegres com essa surpresa. Abs a todas e todos!!!!!!
RAQUEL TEIXEIRA