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24 de fev. de 2011

O SUS e a automedicação


Por Laura Lucena

Quem depende da saúde pública em Mato Grosso precisa ter muita paciência e sorte. Paciência para enfrentar a má vontade do servidor da saúde pública no atendimento, e para agüentar vivo na fila de espera por consultas e exames, bem como para suportar a dor enquanto o atendimento não chega.
Quando se vai ao posto da Saúde da Família, o médico geralmente encaminha o paciente para um especialista. Antes de um mês é quase impossível se obter uma consulta simples. Em alguns agendamentos, como no caso dos reumatologistas, a demora pode levar mais de dois anos, como acontece comigo.
Aí, não agüentando mais esperar pelas dores, quem tem internet corre atrás de informações a respeito da doença e trata de adquirir o medicamento que alivia sem passar pelo médico.
Pior do que está, é que não pode ficar! E, se ficar, quem sabe alguém toma uma atitude?!
O pior é precisar recorrer ao Pronto Socorro. Nesse caso a sorte será mais do que necessária. Lá, pacientes e acompanhantes são tratados sem solidariedade, aos solavancos.
Difícil encontrar um sorriso. Os profissionais da saúde trabalham estressados e olham para os pacientes como se eles fossem um problemão muito incômodo.
Não há cama para todo mundo e muita gente é atendida em cadeiras comuns. O cenário é de deprimente e digno de um filme de terror.
Feliz, porém, são os que conseguiram passar pelo critério dos servidores que fazem a triagem na portaria de quem pode e quem não pode entrar e ser atendido. Sem especialização em medicina ou exame minucioso, decreta a sentença de morte para alguns.
Hoje, o noticiário mais uma vez denunciou a irresponsabilidade da saúde pública de Cuiabá e Várzea Grande que está matando gente impunemente todos os dias. Hoje uma criança morreu por falta de atendimento. Ontem foi outra criança ou um idoso. Amanhã poderá ser eu ou você que não tem plano de saúde particular.
Mas a responsabilidade disso não é só das cidades, apesar de ser nelas que tudo acontece. Os governos federal e estadual têm culpa dolosa nesses assassinatos e no sofrimento da população. Não podem empurrar a responsabilidade toda para o município, se esquecendo que, sem as cidades, não existe estado e muito menos país.
E ninguém, seja do município, estado ou da federação ou simplesmente cidadão pode se esquecer de que é pelos ralos da corrupção que o dinheiro do imposto arrecadado para a saúde desaparece sem que nada seja feito pelo setor e contra a sangria dos cofres públicos.
O Ministério Público tenta fazer algo fechando os pronto-socorros.
E a população doente?
Há, essa?
Faz como sempre: se vira com a automedicação e reza para não morrer...

Laura Lucena é jornalista e autora do blog: http://laura.lucena.zip.net/

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